Lopetegui vai treinar o Real Madrid mas há muita gente de pé atrás

O actual seleccionador espanhol foi o escolhido para substituir Zinedine Zidane.

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Julen Lopetegui Sergio Perez

Logo depois de nesta terça-feira ter publicado na sua conta no Twitter que Julen Lopetegui era o novo treinador do Real Madrid, o jornal espanhol Marca, habitualmente apontado como tendo um relacionamento particularmente próximo do clube “merengue”, publicou um novo texto garantindo aos seus leitores que a sua conta não tinha sido pirateada.

A situação é bem elucidativa da surpresa generalizada que a escolha do actual seleccionador espanhol como substituto do francês Zinedine Zidane provocou em quase toda a gente.

A três dias do início do Mundial de futebol e a quatro do primeiro jogo da selecção espanhola na prova, o Real Madrid revelou que tinha chegado a acordo com o técnico para um contrato com a duração de três temporadas.

Lopetegui, de 51 anos, assumirá funções só depois do Mundial 2018, e o Real Madrid aceitou mesmo pagar os dois milhões de euros de cláusula de rescisão que constavam no vínculo que ligava o técnico à federação espanhola de futebol. Vínculo que, aliás, tinha prolongado até 2020 no passado mês de Maio.

Para se perceber como a aposta em Lopetegui é tão excepcional, basta dizer que o basco é apenas o quinto treinador pelo qual os “merengues” pagam. Antes dele, só John Toshack (90 milhões de pesetas à real Sociedad, em 1989), Pellegrini do Villarreal em 2009 (4 milhões de euros), Mourinho no ano seguinte (8 milhões ao Inter de Milão) e Ancelotti (4 milhões ao PSG em 2013).

Lopetegui é bem conhecido do futebol português por causa do período em que esteve à frente do FC Porto, entre 6 e Maio de 2014 e 8 de Janeiro de 2016 e durante o qual nunca caiu nas “boas graças” dos adeptos portistas. Foram 78 jogos à frente dos “dragões” sem qualquer título ganho e com nove derrotas no currículo. Uma eliminação prematura na Liga dos Campeões e uma derrota em Alvalade que lhe custou a liderança no campeonato, foram fundamentais para a sua saída.

Bem mais aliciante tem sido a experiência de Lopetegui como seleccionador espanhol, cargo que assumiu depois do fracasso da “roja” no Euro 2016. Desde essa altura que a Espanha não perde e, mais do que isso, desde essa altura que não termina um jogo sem ter marcado pelo menos um golo — e já lá vão 20 jogos. Os espanhóis não viam algo assim desde 1951. E não se pode dizer que a Espanha de Lopetegui tenha defrontado equipas pouco exigentes neste período, já que pela frente teve selecções como Bélgica, Alemanha, Argentina, Itália ou Inglaterra.

A sua caminhada para o Mundial 2018 foi imaculada. Num grupo que integrava Israel, Albânia, Liechtenstein, Itália e Macedónia, a selecção orientada por Lopetegui não registou qualquer derrota, somou um só empate e alcançou nove vitórias, tendo marcado 36 golos e sofrido somente três. Se foram adicionados os jogos particulares, os números de Lopetegui ficam ainda melhores: 61 golos marcados e 13 sofridos.

Aliás foi na selecção espanhola, mas nas camadas jovens, que Lopetegui alcançou os seus maiores sucessos como treinador, ao conquistar os títulos europeus de sub-21 e sub-19 (por duas ocasiões).

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