PSD desafia ministro da Saúde a apresentar plano de intervenção para o Algarve

Deputados dizem que a região algarvia foi aquela que em 2017 registou mais reclamações nos hospitais. Comparando com o ano anterior, houve um acréscimo de 103%.

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Deputados do PSD criticam o ministro da Saúde Nuno Ferreira Santos

Dois deputados do PSD eleitos pelo círculo do Algarve estão chocados com o aumento das reclamações, em 2017, nos hospitais e outros estabelecimentos de saúde da região. Houve “um aumento de 103%, quando a média nacional é de 18%”.

“Os dados do relatório síntese tonado público pela Entidade Reguladora da Saúde [ERS], com respeito a 2017, traduzem uma duplicação do número de queixas dos utentes de serviços de saúde da região. Registou-se um acréscimo de 103%, quando a média nacional é de 18%”, lê-se num requerimento que os deputados Cristóvão Norte e José Carlos Barros dirigiram esta segunda-feira ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Os dados constam do relatório da ERS, revelado na semana passada, que adianta que, em 2017, foram apresentadas, em todo o país, cerca de 70 mil reclamações no total, o que dá uma média de 192 queixas por dia, mais 18,4% do que em 2016. 

Contas feitas, dizem os deputados, “no total, o Algarve representou, no ano transacto, 8% do total de queixas do país, quando, em 2016, somava 4,6%. Nenhuma outra região do país verificou um acréscimo desta ordem de grandeza, seja em termos relativos ou absolutos”.

No ano de 2107, o número de reclamações foi de 2762, ou seja, 4,7% do total do país; no ano passado esse número subiu para 5596, 8% do total. “A média nacional subiu 18%. No Algarve subiu 103% de 2016 para 2017”, reforçam os deputados, que exigem conhecer o plano de intervenção do ministro da Saúde para a região de forma a “estancar a hemorragia que o Algarve” vive em termos de saúde.

Segundo o deputado Cristóvão Norte, as unidades de saúde de Portimão, Faro e Albufeira são as que apresentam, de acordo com o relatório da ERS, o maior número de queixas. A primeira foi alvo de 348, a segunda conheceu 292 e a terceira registou 179.

“Faltam recursos humanos”

“Quando os utentes reclamam em número tão expressivo estão no fundo a dar expressão ao que os números dizem: menos consultas de especialidade, maior morbilidade e reinternamentos, internamentos nas urgências em condições degradantes, menor produção clínica e piores cuidados”, aponta o deputado, a título de exemplo. “O Algarve não consegue estancar a hemorragia que tem na saúde. Faltam recursos humanos, organização, estabilidade nas orientações, uma estratégia”, insurge-se o parlamentar, desafiando o Governo a “olhar para estes números como um grito de dor e desespero, de legítima frustração de quem sente que o acesso à saúde só existe no papel”. “O Governo tem que ter um plano para combater este declínio”, defendem.

Olhando para os números, Cristóvão Norte sublinha que “há um problema localizado no Algarve  que precisa de uma resposta particular” e responsabiliza Adalberto Campos Fernandes por “nada ter feito” desde que assumiu a pasta da Saúde. “O ministro não conseguiu inverter uma perda crónica que existe na região [em termos de prestação de cuidados de saúde] e estes dados são o testemunho incontroverso desta degradação.”

Afirmando que o “ acesso à saúde é um elemento estruturante do modelo social”, o deputado entende que “se o Estado não consegue através de incentivos assegurar uma distribuição geográfica adequada para responder ao imperativo do acesso à saúde a todos os portugueses, então deveria ponderar outras soluções, por exemplo: estabelecer regras de obrigatoriedade para que os médicos recém-formados fiquem vinculados três anos ao Serviço Nacional de Saúde”.

Contactado pelo PÚBLICO, fonte do gabinete do ministro disse que o "ministério responderá aos senhores deputados, como sempre faz, nos moldes e nos tempos que  estão determinados".

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