Um ano em árvores

Não faltam árvores nem estradas e ruas feias para embelezar.

Porque é que não há mais árvores de fruto nos espaços públicos portugueses? Porque é que não há cerejeiras e pessegueiros e macieiras por toda a parte? É tão bonito encontrar laranjeiras numa cidade embora nunca saiba se é legal apanhar uma laranja.

Para mais costumam ser de laranjas amargas, óptimas para doces e cocktails - e custa saber que vão cair e apodrecer no chão, embora desconfie que haja insectos que as aproveitem.

Para haver muitas árvores de fruto é preciso que se diga que a fruta que dão é para os passarinhos e para as abelhas e para as moscas e insectos que os passarinhos comem - e também para as pessoas que passam, desde que não exagerem ou tentem fazer negócio, que é para sobrar mais para os outros.

Seria bom que as árvores apanhassem as várias épocas do ano para haver sempre uma fruta em cada mês. Não é só cerejais. Cada pomar poderia assinalar e celebrar uma altura do ano. Um mar de amendoeiras seria mais bonito, caso não se pudessem roubar as amêndoas. Não se poderiam roubar porque seriam oferecidas: cada pessoa poderia apanhar uma mão-cheia. Seria essa aliás a medida máxima certa: só o que coubesse nas mãos. Os bolsos e sacos seriam proibidos.

Vê-se o primoroso trabalho que faz o Fundão e as outras terras que produzem cereja e fica-se com vontade que outras regiões fizessem o mesmo com outras frutas, de maneira a todo o país estar representado incluindo todas as frutas que se dão bem em Portugal.

Não faltam árvores nem estradas e ruas feias para embelezar.

 

 

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