Declarações antes do G7 acentuam clima de tensão no comércio

Donald Trump critica política comercial da UE e do Canadá poucas horas antes do início do G7.

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Donald Trump participa esta sexta-feira no encontro do G7 no Canadá LUSA/SHAWN THEW

Já poucas eram as esperanças que do encontro de líderes do G7 iniciado esta sexta-feira no Canadá surgissem sinais de entendimento e convergência de posições, mas, poucas horas antes do início da reunião, Donald Trump e a sua conta no Twitter praticamente garantiram que esse cenário positivo não se irá concretizar.

“Por favor digam ao primeiro-ministro Trudeau e ao presidente Macron que eles estão a cobrar taxas massivas e a criar barreiras não monetárias. O excedente comercial da UE com os EUA é de 151 mil milhões de dólares e o Canadá mantém os nossos agricultores e outros de fora. Estou desejoso de os ver amanhã”, escreveu o presidente norte-americano na sua conta do twitter na quinta-feira à noite.

Na sexta-feira de manhã, Trump deixou ainda claro que está pronto para uma escalada do conflito comercial. “Retirem as vossas taxas e barreiras alfandegárias ou nós iremos mais do que igualá-las”, escreveu.

O ambiente para este G7, que se iniciou esta sexta-feira à tarde e que terminará este sábado, já era bastante tenso, principalmente depois de na semana passada os EUA terem confirmado a subida das taxas alfandegárias ao aço e alumínio importado da UE, do Canadá e do México, e de estas economia ter decidido retaliar (a UE fê-lo na quarta-feira) com taxas mais altas em diversos produtos provenientes dos Estados Unidos.

Mais do que nunca, tornou-se evidente que Donald Trump estaria neste G7 isolado contra os outros seis líderes mundiais no tema que ia dominar o debate: o comércio. Mas em vez de tentar fazer algumas pontes ou encontrar aliados, o presidente manteve-se fiel à sua táctica preferida, o ataque.

Num encontro bilateral antes da cimeira, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, responderam a Trump. "O Presidente dos Estados Unidos pode não se importar de ficar isolado, mas nós também não nos importamos de assinar um acordo a seis países se for preciso", disse Emmanuel Macron, deixando no ar a hipótese de, no final deste G7, não haver o tradicional comunicado conjunto de todos os participantes, mas apenas uma posição acordada entre seis países, excluindo os EUA.

Como  comércio internacional a dominar este encontro do G7, fazendo esquecer outros temas planeados como as alterações climáticas ou a igualdade de género, Donald Trump ainda trouxe para a discussão outro tema onde um acordo se arrisca também a ser impossível. O presidente norte-americano defendeu, à saída da Casa Branca em direcção ao Canadá, que a Rússia devia voltar a participar nestes encontros.

Entre os países europeus, o novo primeiro ministro italiano foi o único a manifestar simpatia pela ideia, deixando no ar a ideia de divisão no bloco. O presidente Donald Tusk garantiu contudo logo a seguir que a UE se iria manter unida nas suas posições durante esta cimeira.

Trump, por seu lado, parece apostado em dar o mínimo de importância possível ao encontro. Nas vésperas do seu encontro com o homólogo norte-coreano em Singapura, o presidente dos EUA irá sair do G7 quatro horas antes do final do evento, deixando os outros seis líderes a discutir questões como as mudanças climatéricas. Poderá ser o único momento do encontro em que haverá consenso.

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