Eco Pontas de Guimarães já engoliu 15 mil beatas do chão

Papa Chicletes e Eco Pontas são recipientes criados pelo município para a recolha das beatas e das pastilhas elásticas

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Nelson Garrido

Guimarães recolheu e eliminou, em poucos mais de dois meses, 15 mil pontas de cigarro e duas mil pastilhas elásticas, graças ao Eco Pontas e ao Papa Chicletes. Estes dois dispositivos que servem para a recolha das beatas e das pastilhas elásticas, respectivamente, surgiram no contexto da candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia.

“Percebeu-se que a acumulação de pastilhas elásticas e de pontas de cigarro era um problema que existia na cidade, principalmente nas zonas mais movimentadas, como no centro histórico. Identificamos o problema e verificamos que valia a pena combatê-lo, no caso das pastilhas elásticas, por exemplo, até pelo custo que lhes está associado”, observa Carlos Ribeiro, director executivo do Laboratório da Paisagem da câmara local, onde os recipientes foram desenvolvidos.

Por cada chiclete no chão, o custo de remoção é de cerca de 0,35€. “Para além desse custo", salienta a mesma fonte, "há ainda os danos no património". "Sendo Guimarães uma cidade Património da Humanidade, esse obviamente tornou-se um custo mais elevado”, diz. As beatas, por sua vez, “davam um aspecto muito pouco positivo à cidade”, nomeadamente em zonas comerciais.

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O dispositivo Papa Chicletes é amarelo, a fazer lembrar o “Pac-Man”, e o Eco Pontas consiste em dois recipientes, que simbolizam a resposta a uma pergunta que é colocada na estrutura. As questões são alteradas mensalmente ou, pelo menos, assim o tentam, confessa Carlos Ribeiro, e têm uma ligação com o sítio onde estão colocadas. “Se estiverem à porta de uma loja de desporto, a questão, naturalmente, terá a ver com exercício físico”, explica.

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O Laboratório da Paisagem encontra-se dividido em três áreas de investigação: Geografia, Ecologia e Hidráulica. E foi neste último que foi desenvolvido, tanto o Eco Pontas, como o Papa Chicletes. Apesar de, geralmente, a secção de hidráulica desenvolver trabalhos na área da análise da qualidade da água, do risco de cheias, da intensidade de precipitação, entre outros, Nuno Silva — investigador e responsável pelo desenho das estruturas —, considerou que “não trabalhando na área dos resíduos, mas na área da sustentabilidade ambiental, poderíamos desenvolver o projecto a partir daí”.

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E assim foi: “Demoramos cerca de três meses desde o inicio da ideia e até colocarmos a primeira peça no centro histórico de Guimarães”, conta este engenheiro civil. Nuno Silva queria criar algo “inovador, diferente, que chamasse a atenção das pessoas e que as alertasse para a problemática dos cigarros deitados no chão, queria que se levantassem para pôr as pontas nos locais devidos”.

Encomendas para outras cidades

Depois da recolha já feita de 15 mil beatas e de duas mil chicletes (valor que será actualizado no final deste mês), o Laboratório da Paisagem procura agora responder à questão “E depois?”. Em conjunto com o Centro para a Valorização de Resíduos, o laboratório procura uma forma de “não só reduzir, mas também valorizar” estes resíduos, através da utilização das pontas de cigarro para “materiais de construção, ou valorização energética e produção de plásticos de baixa qualidade com as pastilhas elásticas”, aponta o director.

Dentro da cidade, a ideia espalhou-se com rapidez. “Há vários pedidos de espaços privados, como instituições, ou a Universidade do Minho, em Braga. Em princípio, no próximo mês, já temos mais estruturas instaladas noutros pontos da cidade”, confirma Carlos Ribeiro.

Nuno Silva gostaria de ver a sua ideia a “alastrar a todo o país, de modo a que não fique resumida apenas a Guimarães”. Pode ser que isso venha a acontecer em breve, pois vários municípios já encomendaram ao laboratório estes recipientes.

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