A propósito de um texto infame

Desenganem-se aqueles que anseiam silenciar o Conselho Português para a Paz e Cooperação.

Na edição do PÚBLICO de 24 de Maio foi publicado um texto que procura denegrir o Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) e a sua intervenção contra a guerra e em defesa dos princípios plasmados na Carta das Nações Unidas e na Constituição da República Portuguesa, como a paz, a solução pacífica dos conflitos internacionais, o desarmamento e a não ingerência nos assuntos internos dos Estados.

Regendo-se por estes princípios, o CPPC pauta a sua intervenção pelo fim do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos; pelo fim da corrida aos armamentos e pelo desarmamento geral, simultâneo e controlado, nomeadamente, pela abolição das armas nucleares e de outras armas de destruição massiva; pela dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, que contribua para a criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz, a justiça e a cooperação nas relações entre os povos, com vista à emancipação e ao progresso da Humanidade.

Durante os seus cerca de 45 anos de existência, o CPPC orgulha-se de ter contado nos seus órgãos sociais com personalidades como o Marechal Francisco da Costa Gomes, Álvaro Rana, António Arnault, Aquilino Ribeiro Machado, Bernardo Santareno, Carlos Candal, Fernando Lopes Graça, Fernando Piteira Santos, Gualter Basílio, José Cardoso Pires, José Gomes Ferreira, Kalidas Barreto, Maria Lamas, Óscar Lopes, Papiniano Carlos, Mário Ruivo, Rui Grácio, Rui Luís Gomes ou Silas Cerqueira – entre muitos outros democratas que se dedicaram e continuam a dedicar à defesa da causa da paz e da cooperação. Orgulha-se, também, de ter sido reconhecido pela Organização das Nações Unidas como “Mensageiro da Paz”.

Hoje como ontem, o CPPC promove uma intervenção em que têm lugar todos aqueles e aquelas que – independentemente das suas convicções políticas, ideológicas ou religiosas – consideram ser premente a defesa da paz e rejeição da guerra com as suas hediondas consequências.

Nas suas actividades – quantas vezes em parceria com diversificadas entidades, como escolas, autarquias, sindicatos, associações –, o CPPC procura contribuir para a educação para a paz, para a promoção de uma cultura de paz, para o fim da militarização das relações internacionais, da ingerência e das guerras de agressão contra Estados e povos.

Nos Concertos pela Paz, que tem realizado com apoio de diversos municípios, participaram diversos artistas, associações culturais e escolas artísticas que, através da arte, celebram os valores da paz, da amizade e da solidariedade. Concertos onde centenas de participantes têm expressado a muitas vozes: “Sim à Paz! Não à guerra!”

A abrangente intervenção do CPPC não é do agrado daqueles que instigam ao desrespeito do direito internacional, à ingerência, à agressão e à guerra, e que são, no mínimo, indiferentes ao seu imenso rol de morte, sofrimento e destruição. Como no tempo da ditadura fascista em Portugal, em que o movimento pela paz era perseguido, alguns continuam a ansiar “riscar do mapa” o CPPC e que, não conseguindo fazê-lo, caluniam a sua acção e apelam à sua ostracização.

Desenganem-se aqueles que anseiam silenciar o CPPC. O CPPC tem uma longa história pelo fim do fascismo e do colonialismo; em defesa da liberdade e da democracia; pelo fim do regime do apartheid; pela soberania e independência de Timor Leste; pelo respeito dos direitos do povo palestiniano, há décadas por cumprir; pelo direito de cada povo a decidir o seu caminho, liberto de ingerências, como na Venezuela; pela solução negociada do conflito na Península da Coreia e a sua reunificação pacífica – uma intervenção em prol de justas causas e legítimas aspirações, em que está longe de estar só.

Vivemos um tempo de grandes incertezas e sérias ameaças, de que Trump e a política da sua Administração são figura principal. Um tempo em que aos homens e mulheres defensores da Paz está colocada a premente necessidade de expressar a rejeição da guerra e afirmar a exigência da Paz – é tendo presente este objectivo essencial para a salvaguarda do futuro da Humanidade que o CPPC continuará a intervir.

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