A Noeirinha “ressuscitou” depois de mais de 20 anos de abandono

É o mais recente projecto turístico de Aveiro relacionado com o sal. Foi inaugurado há uma semana.

Casa, arquitetura
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Terreno glacial
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Adriano Miranda

“As estruturas estavam todas destruídas. Não havia uma ponta de madeira”, relata Luís Soares, o empresário que há três anos decidiu pegar na marinha da Noeirinha e colocá-la, de novo, a produzir sal. Apesar dos seus cerca de 200 anos de história, estava largada ao abandono há mais de 20 anos. “Foi começar quase do zero”, assegura o gerente da empresa Onda Colossal.

A fase seguinte passou por contratar dois marnotos e pôr mãos à obra. Em 2017, “já teve uma boa produção”; agora estão “a começar a safra deste ano”, aponta o proprietário do mais recente projecto turístico de Aveiro. A Noeirinha foi inaugurada no passado dia 27 e está agora também ao serviço do turismo: além de visitas guiadas e degustação de produtos, oferece também uma zona de lazer (com mesas, bancos e sombra), com possibilidade de ir a banhos na água da salina (que tem uma profundidade máxima de 1,5 metros).

Instalada nas proximidades da antiga Lota de Aveiro, a Noeirinha dá nas vistas pelo belo palheiro que exibe no seu interior: uma construção que evoca três montes de sal. “É um espaço para comercialização e degustação de produtos relacionados com o sal”, explica o gerente da empresa que se estreia agora na área das salinas. “A Onda Colossal tem três barcos — um moliceiro e dois mercantéis — a fazer passeios turísticos e decidimos apontar a nossa oferta à área do sal, porque há aqui muito potencial”, explica Luís Soares.

Aos visitantes é dada a possibilidade de passarem o dia inteiro ou só um período (manhã ou tarde) no interior da Noeirinha — com entradas entre os 3 e 6 euros por pessoa. Se a opção recair numa visita guiada, deverá efectuar marcação prévia junto da Onda Colossal. “É uma forma diferente de vir relaxar, apanhar banhos de sol e água salgada, com a possibilidade de assistir ao trabalho dos marnotos”, propõe o anfitrião.

Se o tempo ajudar, o sal não tardará muito a aparecer. “Primeiro, preparámos os solos, limpando as algas e as lamas e fazendo a secagem; depois, estivemos a fazer as águas e agora é só esperar que venha muito sol e vento. Mas vento que não seja muito forte”, desvenda Alberto Chipelo, o marnoto da Noeirinha. Tem 58 anos, grande parte deles passados com os pés no sal e nas águas da ria, e garante pertencer ao grupo dos “marnotos mais novos”. Ou seja, falta ver “a malta mais jovem a pegar” nesta arte secular. “Se ninguém fizer nada, se não se apostar na formação de novos marnotos, pode ser complicado”, alerta Alberto Chipelo.

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