Local de testes nucleares na Coreia do Norte parcialmente destruído

Jornalistas estrangeiros convidados pelo regime dizem ter visto explosões em três dos túneis no local onde a Coreia do Norte realizou os seus testes nucleares.

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Imagem de satélite do centro de testes em Pungyye-ri Reuters/DIGITALGLOBE

A Coreia do Norte destruiu pelo menos três túneis no complexo onde realizou os seus testes nucleares, de acordo com jornalistas estrangeiros convidados pelo regime de Pyongyang para assistir ao acontecimento.

A demolição do centro de testes em Pungyye-ri, no Norte do país, tinha sido prometida pelas autoridades norte-coreanas, que a encaram como um gesto de boa-vontade antes da cimeira entre Kim Jong-un e Donald Trump, agendada para 12 de Junho em Singapura.

"Esperamos que isto abra a hipótese para que uma desnuclearização total possa avançar", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Noh Kyu-duk.

O jornalista Will Ripley, da CNN, diz que presenciou as explosões dos três túneis a partir de uma plataforma a 500 metros do local, onde esteve dez horas. Antes, os correspondentes tiveram autorização para verificar os explosivos colocados nos túneis. Foi a partir daqui que a Coreia do Norte realizou os seis ensaios nucleares bem sucedidos desde que iniciou o seu programa, em 2006. O último, e mais potente, ocorreu em Setembro do ano passado.

"Eles levaram-nos a três dos quatro túneis. Deixaram-nos abrir as portas dos túneis e olhar para dentro, mas não entrámos verdadeiramente nos túneis. Pelo que pude ver, estavam cheios de explosivos", contou Ripley. As autoridades norte-coreanas convidaram um grupo de uma dezena de jornalistas de vários países, mas não incluíram qualquer especialista independente.

Há suspeitas de que os sucessivos testes tenham deixado as montanhas em Pungyye-ri à beira do colapso e vulneráveis a fugas de radiação e, por isso, estivesse já fora de cogitação para novos ensaios. De qualquer forma, o desmantelamento do local de testes representa uma cedência relativamente fácil para o regime de Pyongyang, que garante ter conseguido superar os últimos obstáculos técnicos para conseguir lançar um míssil com capacidade nuclear de alcance intercontinental – e, assim, pode abdicar de mais testes.

O Instituto de Armas Nucleares norte-coreano explicou, através de um comunicado, que as explosões foram feitas "de forma a permitir o colapso de todos os testes do local de testes e bloquear totalmente as entradas para os túneis".

A China saudou a demolição da zona de testes, descrevendo-a como algo que "demonstra o compromisso de Pyongyang com a desnuclearização", através da agência estatal Nova China. Para a Coreia do Sul, tratou-se do "primeiro passo significativo para alcançar a desnuclearização".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também saudou a iniciativa norte-coreana, embora tenha lamentado a ausência de especialistas internacionais para testemunhar o momento.

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