E se uma aplicação móvel te ajudasse a poupar energia?

Projecto FEEdBACk, do INESC TEC, vai criar uma aplicação móvel para estimular os utilizadores a poupar energia. Ideia é que "app" envie mensagens personalizadas e estimule a competição entre pares

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Mason Nelson/Unsplash

O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, lidera um projecto europeu que visa desenvolver uma aplicação móvel para estimular os utilizadores a poupar energia, através da mudança de hábitos diários.

O projecto FEEdBACk, financiado pela Comissão Europeia e cujo orçamento alcança os 2,3 milhões de euros, conta com a participação de investigadores de sete países, que estão a trabalhar para promover, estimular e produzir uma energia mais eficiente, através de mudanças comportamentais. Para tal, a equipa está a desenvolver uma aplicação móvel, com uma interface "interactiva e amigável" e que pode ser instalada nos telemóveis e nos computadores, para "motivar uma utilização mais eficiente da energia, através de mensagens personalizadas e de competição entre pares", explicou à Lusa o investigador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC, Filipe Joel Soares, responsável pelo projecto.

A ideia, continuou, é que a aplicação estimule pequenas alterações nos hábitos diários que, por sua vez, possam conduzir a poupanças energéticas e financeiras significativas, quer nas casas dos consumidores quer nos locais de trabalho. Numa primeira fase, a aplicação recolhe dados dos utilizadores relativos aos hábitos diários, de forma a criar um padrão comportamental. Com base nesses dados, são definidas estratégias personalizadas, visto que algumas pessoas são estimuladas pela competição e outras pela poupança ou pelo impacto das suas acções no meio ambiente, notou o responsável.

Segundo o investigador, a possibilidade de previsão das acções dos utilizadores é a "grande novidade" associada a esta aplicação. "As mensagens só fazem sentido se os utilizadores as receberem na hora exacta em que vão fazer algo, indicando-lhes que o podem fazer de uma maneira mais eficiente", frisou. E exemplificou: "Nos escritórios, ao meio-dia, grande parte das pessoas levantam-se para ir almoçar e não desligam o monitor. Caso recebam um alerta para que o desliguem, explicando quanto pouparão com essa acção, isso pode ajudar a mudar o comportamento".

Esta tecnologia vai ser testada, numa primeira fase, em três áreas de demonstração, em Portugal (edifício do INESC TEC), em Espanha (vários edifícios no Município de El Prat, em Barcelona) e na Alemanha (zona residencial localizada em Lippe). No caso português, os dados utilizados pela aplicação vão ser recolhidos por diversos sensores instalados no edifício do INESC TEC, que medem a temperatura, a quantidade de dióxido de carbono, a humidade e a luminosidade, entre outros factores.

Além de jogos e questionários relacionados com comportamentos energeticamente eficientes, estão a ser desenvolvidos painéis onde os utilizadores podem comparar o seu desempenho energético com o dos seus pares e partilhá-los nas redes sociais. As mudanças comportamentais não serão promovidas apenas nas áreas de demonstração, avançou o investigador, contando que campanhas de sensibilização vão estar disponíveis nas redes sociais ou no website no projecto. Filipe Joel Soares considera que este projecto, iniciado em Novembro de 2017 e que tem a duração de três anos, pode ser replicado noutros contextos, de forma "relativamente simples".

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