Temas e protagonistas que marcam o congresso

Durante três dias, o PS debate o futuro na Batalha. O 22º Congresso do partido vai ficar marcado por vários protagonistas que querem discutir temas como a corrupção, a estratégia de alianças e a social-democracia.

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António Costa será consagrado como líder do PS na Batalha LUSA/MÁRIO CRUZ

 A consagração de António Costa como secretário-geral do PS, eleito com 96% dos votos dos militantes nas directas de 11 e 12 de Maio, irá dominar o 22.º Congresso do PS que se realiza entre sexta-feira e domingo na Batalha. Em debate estará a moção de estratégia do líder que aponta linhas de orientação sobre quatro temas que irão dominar as propostas a apresentar pelos socialistas ao eleitorado em Outubro de 2019: alterações climáticas; demografia; sociedade digital; e combate às desigualdades.

Além do balanço da obra feita (que caberá a Costa, mas não só) e da vitória nas autárquicas (que deverá ser apresentada pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes), pela sala do congresso deverão também passar questões como a política de alianças (embora na moção Costa a ignore), o debate ideológico sobre o futuro da social-democracia e a corrupção. Em relação a este último ponto, ainda que nos discursos ninguém o venha a nomear explicitamente, o ausente-presente será o ex-líder e ex-primeiro-ministro José Sócrates, que abandonou o partido.

Alguns destes temas subirão ao palco através de protagonistas que o PÚBLICO identifica.

Autárquicas

Ana Catarina Mendes

É o primeiro congresso a que Ana Catarina Mendes apresenta o seu balanço como secretária-geral adjunta. Na obra feita no mandato em que António Costa lhe delegou a gestão do partido, tem o brilharete da vitória do PS nas autárquicas em que o partido ganhou 159 câmaras sozinho e mais duas em coligação (Funchal e Felgueiras). 

Corrupção

Ana Gomes

A eurodeputada deverá marcar mais uma vez o congresso ao falar de um tema que a direcção de António Costa não quer que seja referido na Batalha: a corrupção e a necessidade de o PS debater eventuais práticas corruptas por parte de ex-dirigentes e ex-governantes. É provável que Ana Gomes nem sequer cite nomes, mas uma das expectativas do congresso é a de saber até onde irá ela na abordagem de um tema sobre o qual, nos últimos tempos, têm sido várias as notícias envolvendo nomes ligados à governação do PS, criando uma imagem de corrupção sistémica no partido.

Ideologia e alianças

Augusto Santos Silva

A intervenção do ministro dos Negócios Estrangeiros é um dos momentos mais aguardados no conclave. Não pelo que dirá sobre política externa, mas devido ao facto de Augusto Santos Silva se ter chegado à frente no debate ideológico sobre o futuro da social-democracia, assumindo-se como herdeiro da Terceira Via, e dois artigos de opinião no PÚBLICO: Ao PS cabe prosseguir o seu caminho, de 17 de Abril e O caminho do PS é o da esquerda moderada e europeia, de 19 de Abril.

Francisco Assis

A intervenção do eurodeputado Francisco Assis deverá ser outro ponto alto da reunião magna. O percursor da Terceira Via em Portugal, no início dos anos noventa, e uma das poucas personalidades do PS que se assumem frontalmente como social-liberal, deverá marcar os trabalhos. E fá-lo-á não só no plano ideológico sobre o futuro da social-democracia, mas também no plano estratégico da governação e da política de alianças do PS. Até porque Assis mantém o tom crítico em relação aos entendimentos de Costa com o BE e o PCP, de que foi um dos primeiros opositores. Voltou a fazê-lo na entrevista ao PÚBLICO, na terça-feira, e em artigo de opinião de 22 de Fevereiro: Social-democracia à portuguesa.

Pedro Nuno Santos

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares é o único membro do Governo a apresentar uma moção sectorial ao congresso, na qual defende o papel do Estado como motor da dinamização económica e do desenvolvimento social através de “missões colectivas”, apresentando até uma proposta concreta: a energia. Bom orador em congressos, Pedro Nuno Santos é também o líder da esquerda do PS e um claro defensor de que os socialistas mantenham uma estratégia de alianças preferencial com o BE e o PCP, a qual defendeu em artigos de opinião no PÚBLICO: Os desafios da social-democracia, a 15 de Fevereiro, e A social-democracia para além da ‘terceira via’, a 4 de Maio.

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