Trump admite adiar ou cancelar cimeira com Kim

Presidente sul-coreano está em Washington para salvar a cimeira entre KIm e Trump - este diz que se não houver condições pode adiá-la.

Diplomata
Fotogaleria
Moon com Trump na Casa Branca,Moon com Trump na Casa Branca Oliver Contreras/EPA,Oliver Contreras/EPA
Embarque dos jornalistas no aeroporto de Pequim
Fotogaleria
Embarque dos jornalistas no aeroporto de Pequim EPA

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que a esperada cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, pode ser adiada ou cancelada. “Não ficou claro se estava realmente a recuar em relação a um encontro que estava ansioso por ter ou se estava estrategicamente a empurrar a Coreia do Norte para a mesa das negociações”, depois de esta ter dado sinais contraditórios sobre o seu comprometimento com um acordo, escreveu a Reuters.

Tudo nas palavras de Trump — que deu uma conferência de imprensa ao lado do Presidente da Coreia do Sul Moon Jae-in — apontaram para a segunda hipótese da análise. “A Coreia do Norte tem a hipótese de ser um grande país e deve aproveitar esta oportunidade. Estamos a falar, se [a cimeira] vai acontecer ou não vocês serão informados a tempo”, disse Trump. Passou depois a um registo entre o elogio e a ameaça a Kim Jong-un: “Ele [Kim] devia estar muito orgulhoso do que está a fazer pela Coreia do Norte”; “Ele vai ficar seguro, posso garantir isso. E o seu país vai ficar rico”; “Temos tido uma relação que está a funcionar, vamos ver se funciona por mais tempo”.

Trump recusou-se a dizer se já falou directamente com Kim Jung-un — “Não quero dizer” — e voltou a referir que há uma condição não negociável para a cimeira entre os EUA e a Coreia do Norte: “A desnuclearização tem de acontecer”.

Foi uma conferência de imprensa “admirável”, disse em directo o jornalista da BBC, em que, durante mais de 15 minutos, Trump sublinhou que há diferenças substanciais com Pyongyang — a começar pelo significado de desnuclearização, que para Trump significa a Coreia do Norte deixar de ter armas nucleares e para Kim significa que os EUA retiram da Coreia do Sul — , mas não quis romper a relação.

Trump concluiu dizendo que acredita que o Presidente sul-coreano será capaz de “arrancar um acordo” a Kim Jong-un. “Tenho muita confiança no Presidente Moon”.

Kim Jong-un também chegou a pôr em causa a cimeira com Trump, frisando responsáveis de Pyongyang que falam pelo líder — por exemplo o primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Kim Kye Gwan — que a Coreia do Norte não tem interesse numa reunião com os EUA se esta se resumir a exigências “unilaterais”.

Mas Kim continua a cumprir o calendário que traçou. E entre quarta e sexta-feira vai desmantelar Punggye-ri, o principal complexo de testes nucleares.

O desmantelamento do local onde foram feitos seis ensaios nucleares, o mais potente em Setembro de 2017, e a partir de onde foram testados mísseis balísticos intercontinentais, foi acordado na cimeira histórica entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, no final de Abril.

Posteriormente, Kim marcou a data, preparando terreno para a cimeira que marcou com o inquilino da Casa Branca, Donald Trump, e que a acontecer será a 12 de Junho, em Singapura.

O líder norte-coreano prometeu também que o desmantelamento seria uma verdadeira cerimónia, com convidados estrangeiros (jornalistas e observadores). Num primeiro momento, a presença de jornalistas sul-coreanos foi proibida, mas, após o encontro entre Moon e Trump, as autoridades do norte aceitaram a lista de jornalistas do país vizinho.

As relações entre as Coreias sofreram um revés na última semana. Pyongyang lançou palavras duras contra o Governo de Seul que, depois dos gestos de aproximação e pacificação da península — na cimeira de Abril os dois países acordaram em assinar um acordo de paz —, manteve as manobras militares com os Estados Unidos (a origem da acusação de que os EUA estão interessadas num acordo com exigência unilaterais).

O canal de comunicação entre Pyongyang e Seul foi fechado e perante a possibilidade de a grande vitória diplomática que foi o degelo entre o Norte e o Sul da Península Coreana ruir, o Presidente Moon pôs-se a caminho de Washington, para a reunião desta terça-feira com Trump.

O que se passar em Punggye-ri será testemunhado por jornalistas da Associated Press, CNN, CBS, Russia Today e de órgãos de comunicação chineses e sul-coreanos, que já chegaram à Coreia do Norte.

Não foram convidados especialistas, por exemplo da Agência Internacional de Energia Atómica, que poderiam explicar o desmantelamento e aferir do estado em que as instalações se encontravam.

Vários analistas dizem que se trata apenas de aparato, uma vez que o sítio já está destruído e inutilizado — terá ruído depois da última explosão. Kim Jong-un garante que dois túneis estão intactos e totalmente operacionais.

“Esperemos que a Coreia do Norte seja transparente neste processo, como prometeu”, disse Will Ripley, correspondente da CNN em Hong Kong, ao jornal South China Morning Post.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários