Leonel Pinheiro, um tenor português no palco do Royal Albert Hall, em Londres

Nasceu em Braga e tem 28 anos. Interpreta o mensageiro na ópera "Aida", de Verdi, no Royal Albert Hall, em Londres. Em cartaz até este domingo

Leonel com Kate Symonds-Joy na ópera Carmen, de Bizet (Kentish Opera) DR
Fotogaleria
Leonel com Kate Symonds-Joy na ópera Carmen, de Bizet (Kentish Opera) DR
DR
Fotogaleria
DR

Foi sempre a música. Não houve outra alternativa para o tenor Leonel Pinheiro, que interpreta o papel do Mensageiro na ópera "Aida", de Verdi, em cartaz até este domingo no Royal Albert Hall, em Londres.

“Às vezes penso no que gostaria de ter feito em vez de música e não consigo, eu não sou bom em mais nada”, explica ao P3. E, de facto, Leonel Pinheiro não precisa de ser bom em mais nada. Aos 28 anos já alcançou mais do que muitos cantores líricos da sua idade - afinal de contas, cantar com a Royal Philharmonic Orchestra no Royal Albert Hall não é para todos.

Sem nunca ter visto um piano na vida, tocou um acorde. A partir daí, e com o apoio incondicional da família, entrou para o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga com 11 anos. Seguiu-se a Universidade de Aveiro, onde estudou Ensino de Música. Queria ser professor de canto e chegou a dar aulas em Coimbra e na Figueira da Foz. Daí foi para Glasgow, na Escócia, para fazer uma pós-graduação. O facto de ter tido bolsas durante todos os seus estudos no Reino Unido foi uma grande ajuda.

Valorizar mais o sim do que os nãos

Foto

Rumou a Londres aos 23 anos, onde depois de uma temporada na Guildhall School of Music & Drama se apercebeu de que podia ter futuro na indústria musical. Decidiu arriscar e até agora tem valido a pena. Diz que sempre tentou ser multifacetado como artista, algo que parece ter jogado a seu favor.

Leonel tem os pés assentes na terra. Tem consciência do quão instável é a vida no sector do espectáculo. “O que vale é que em dez nãos que já levei, um sim fez a diferença toda.” Acredita que tem ganho valor e que está a ter uma boa fase, a dar um passo marcante na sua carreira internacional.

Para além de cantar, gosta essencialmente de ganhar mais mundo: conhecer pessoas, lugares e ideias novas, algo que considera essencial para aliar depois à representação teatral da ópera. O teatro é mais um dos talentos deste artista polivalente, que lhe valeu o Patrick Libby Prize for Acting durante os seus estudos na Guildhall School of Music & Drama. Acredita que o que tem aprendido ao longo do seu percurso é inestimável e leva sempre consigo essa "bagagem" onde quer que vá.

A oportunidade de cantar no Royal Albert Hall, uma das casas de ópera mais prestigiadas do Mundo, surgiu literalmente da noite para o dia. Após uma breve troca de e-mails com a produção de "Aida", foi convidado para fazer uma audição no dia a seguir e foi aceite. Foi uma daquelas situações de pegar ou largar. “Eu chego ao Royal Albert Hall e é quase como estar no recreio,” tal é o gosto que lhe dá.

O que vem a seguir? Uma digressão na Ásia com a European Chamber Opera. Tem vontade de ir mais longe. “A minha altura ainda vai chegar,” reforçando que só agora começou a amadurecer a nível profissional e a “jogar com os grandes”.

Leonel Pinheiro tem a receita para triunfar: talento, muito trabalho e força de vontade. Que conselho dá? “Ver o mundo como um mercado de trabalho,” sem fronteiras.

Sugerir correcção
Comentar