LGBT: vais ouvir o Zimler ou ficar em casa com o preconceito?

Durante uma semana, o Centro Comercial Bombarda, no Porto, vai estar pintado com as cores do arco-íris. É a primeira vez que esta feira sai à rua

Paulo Corte-Real é presidente da ILGA Nuno Ferreira Santos
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Paulo Corte-Real é presidente da ILGA Nuno Ferreira Santos
Zimpler é um dos convidados da Feira do Livro LGBT Eva Carasol
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Zimpler é um dos convidados da Feira do Livro LGBT Eva Carasol

“O Porto já precisava de uma iniciativa deste género”, diz Paulo Corte-Real, da associação ILGA, sobre a primeira Feira do Livro LGBT (lésbica, gay, bissexual e transgénero) realizada na cidade. Depois de três experiências de sucesso na capital, sempre em Outubro, desta vez a feira antecipa-se à Primavera e, a partir deste sábado, dia 10, e até a 17 de Março, vai estar no Centro Comercial Bombarda.

É a primeira vez que sai à rua. Desde 2009 que ela se confinava, em Lisboa, ao Centro LGBT. O objectivo é, como realça Paulo Corte-Real, “que todas as pessoas possam lá estar”. Pessoas de todas as idades, géneros e orientações sexuais. Nem as publicações têm uma orientação assim tão definida.

De entre os livros infantis, os romances, a banda desenhada, os estudos científicos e a poesia que a feira “oferece” (ou vende, mas por um “preço de feira”), em cerca de 200 títulos, encontramos uma esmagadora maioria dedicada à temática LGBT. Mas não é obrigatório que assim seja. 

Basta que tenham um “olhar LGBT”, explica Telmo Fernandes, da organização. E que olhar é esse? Provavelmente um olhar de respeito pela diversidade e livre de preconceitos. “Achamos que Richard Zimler imprime esse olhar nas suas obras”, diz Telmo Fernandes para explicar o convite feito ao escritor, que vai estar na feira à conversa com os presentes no dia 16, sexta-feira, pelas 18h00. 

Coros, "workshops" e preferências sexuais

As escritoras Manuela Bacelar, Sandra Cainé e Marisa Medeiros também dirigirão encontros, assim como a contadora de histórias Aida Gutierrez. A Feira do Livro LGBT do Porto arranca este sábado, dia 10, cujo ponto alto se prevê ser a actuação do coro CoLeGaS, grupo que reúne um repertório intimamente ligado ao imaginário gay, às 18h00. 

Nem a música escapa ao sentimento LGBT, portanto. Daí em diante, além dos encontros com escritores, terão lugar conferências proferidas pelos autores-investigadores Conceição Nogueira e Nuno Carneiro, a 13 de Março, e ainda "workshops" de escrita e ilustração com Adélia Carvalho e Lara Luís, nos dias 15 e 17, respectivamente. Tudo para tirar da gaveta “questões que têm vindo a ser silenciadas”, observa Paulo Corte-Real, e trazê-las para o debate público.

Este evento partiu da Associação ILGA Portugal, que pretende, através do projecto Porto Arco-Íris, actuar no Norte do país contra a discriminação sobre as preferências sexuais. As “portas” da Feira do Livro LGBT (que equivale a dizer as do Centro Comercial Bombarda) estarão abertas das 12h00 às 20h00 (excepto ao domingo). Todas as actividades são gratuitas.

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