Presidente diz que jogadores estiveram na origem dos confrontos

Bruno de Carvalho diz que os atletas não o avisaram do “encontro apalavrado” com membros da claque e não acredita em rescisões com base no que aconteceu em Alcochete.

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Bruno de Carvalho garante que não poderia antecipar a "invasão" da Academia LUSA/MÁRIO CRUZ

Foi a troca de insultos entre jogadores e alguns adeptos da claque Juventude Leonina no rescaldo do jogo com o Marítimo que esteve na origem da “invasão” da Academia, defende Bruno de Carvalho. O dirigente voltou a condenar veementemente as agressões em Alcochete, na última terça-feira, mas sublinhou que os atletas não deveriam ter reagido às críticas e insultos após a partida da Madeira, considerando não haver motivos para uma rescisão unilateral dos futebolistas.

“Houve atletas do Sporting que, infelizmente, por impulsividade e pelo seu temperamento quente, não conseguiram aguentar aquilo que é a frustração dos adeptos”, afirmou o presidente este sábado. “Um dos ex-líderes da claque Juventude Leonina disse que iria na terça-feira falar com os atletas que lhe chamaram nomes. Continuo a dizer que os atletas não têm culpa absolutamente nenhuma do que passou na Academia, que foi um acto absolutamente criminoso e vil, mas que teve uma origem.”

Um “encontro apalavrado” que os jogadores não comunicaram ao presidente durante a reunião da véspera, em Alvalade. “Não devemos entrar neste tipo de situações com os adeptos. Temos de saber medir aquilo que fazemos e aquilo que dizemos”, reforçou Bruno de Carvalho dando o seu próprio exemplo. “Não é bonito, mas é daquelas coisas que temos de aceitar na vida [os insultos]. Eu tive também de aceitar isso no jogo com o Paços de Ferreira [para o campeonato, logo depois do jogo com o Atlético de Madrid, na capital espanhola], onde ouvi impropérios e assobios.”

[Na realidade, Bruno de Carvalho foi à sala de imprensa, após o encontro, para criticar os adeptos que o insultaram: “Quem, de facto, me chamou o que me chamou tem que depreender que não andei na escola com eles (adeptos), nem comi no mesmo prato. Peço que vão chamar nomes à família deles".]

Como os jogadores não comunicaram ao clube ou à SAD (Sociedade Anónima Desportiva, que gere o futebol profissional) as ameaças de que tinham sido alvo, Bruno de Carvalho considera que não foi possível prever o perigo e reforçar as medidas de segurança na Academia.

“Os jogadores não têm culpa, não se aperceberam da dimensão do que se estava a passar. Mas não me alertaram, porque eu perceberia a dimensão da questão. Sendo que seria impossível imaginar tal acto descompensado e criminoso”, concluiu, lamentando não ter estado em Alcochete para defender os seus atletas, a quem chamou de “família”.

“Se lá estivesse não estaria vivo neste momento, mas muito dificilmente tinham chegado aos meus jogadores. Para passarem por mim eu tinha de sair de lá morto. Não tinha medo. Tinham de me matar para entrar ali e fazerem o que fizeram”, afiançou. Já em relação à ausência do jogo da Madeira, na última jornada do campeonato, fundamental para garantir o segundo lugar na prova e a possibilidade de acesso à Liga dos Campeões, justificou-se com compromissos em Lisboa envolvendo modalidades do clube.

“Tinha a fortíssima convicção que depois do resultado de Alvalade contra o Benfica [0-0] não ter sido positivo, iríamos à Madeira ganhar. Não ganhámos e isso não era minimamente expectável”, explicou.

Face a tudo isto, Bruno de Carvalho considera que os jogadores não têm qualquer motivo para rescindir contratos, alegando os incidentes na Academia: “Não estou a ver nem quero acreditar que possa haver uma tentativa de rescisão por um acto que involuntariamente saiu dos próprios jogadores. Não de todos, mas que saiu dos próprios jogadores, que não merecem nada daquilo que passaram.”

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