Fome, violência e fuga são a rotina dos venezuelanos

Agrilhoada ao desempenho do mercado do petróleo, a Venezuela está mergulhada numa crise humanitária sem fim à vista, que já levou ao êxodo de um milhão de pessoas.

Puente Internacional Simon Bolivar, fronteira Colômbia-Venezuela
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Venezuelanos atravessam a ponte que os separa da Colômbia no dia 16 de Maio Carlos Eduardo Ramirez/Reuters
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Pessoas dormem na rua junto ao serviço de imigração à espera de poderem carimbar o seu passaporte Carlos Eduardo Ramirez/Reuters

O Presidente Nicolás Maduro não tem conseguido contrariar o colapso económico na Venezuela e garantir aos cidadãos o acesso aos bens mais básicos, insistindo que a situação delicada que o país atravessa é o resultado da guerra económica liderada pelos Estados Unidos.

A dependência quase total na exportação de petróleo – 96% das suas receitas – deixa praticamente todo o tecido económico subjugado às oscilações do preço do barril e à capacidade produtiva venezuelana. Os altos e baixos do mercado energético e a falta de investimento estatal em infra-estruturas precipitaram o declínio da economia venezuelana.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, a produção de crude reduziu-se para metade nos últimos 18 meses e a economia diminuiu 45% nos últimos cinco anos. Para 2018, é estimada uma contracção de 13%.

Em Dezembro de 2017, Maduro lançou uma criptomoeda – o petro – para combater o retrocesso e o bloqueio económico, mas ainda não colheu grandes frutos dessa medida. Para além disso, uma das suas promessas de campanha é “construir um modelo económico pós-petróleo” que “dê riqueza a todos os venezuelanos” e ao qual promete “dedicar toda a sua vida”. Faltou-lhe, porém, explicar em que consiste a nova solução.

Certo é que o resultado imediato da crise foi uma inflação galopante e o aumento brutal do custo de vida da população. Longas filas para obter comida, água potável e medicamentos entraram na rotina das pessoas e os níveis de pobreza dispararam. De acordo com o Governo, 23% da população vive na pobreza, mas estudos independentes apontam para mais de 80%.

A situação social dramática fez aumentar a violência – segundo o Observatório Venezuelano para a Violência, a taxa de homicídio de 2017 apontava para 89 assassínios por cada 100 mil habitantes – e levou as pessoas a procurarem outras paragens para viver. A Organização Internacional para as Migrações estima já tenha fugido quase um milhão de pessoas entre 2015 e 2017. A grande maioria para a Colômbia, Brasil e Panamá.

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