Governo apoia cerca de 4900 "cabras sapadoras"

Dos 39 rebanhos, 38 são privados e vão limpar cerca de 3000 hectares este ano, disse o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, que participou na Feira Nacional da Floresta.

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O projecto para a gestão de combustível florestal conta com 39 rebanhos, num total de cerca de 4900 "cabras sapadoras" que deverão cobrir 20 mil hectares em cinco anos, informou nesta sexta-feira o secretário de Estado das Florestas.

Dos 39 rebanhos, 38 são privados e estão distribuídos pelas regiões Centro, Norte e Algarve, contabilizando-se cerca de 4900 animais que vão limpar cerca de 3000 hectares este ano, disse o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, que falava à agência Lusa após a participação na sessão de abertura da Feira Nacional da Floresta, que decorre em Pombal, distrito de Leiria.

O programa para cinco anos envolve 3,5 milhões de euros e prevê-se que todos os anos seja aumentada "a área de gestão de combustíveis", tendo como expectativa que, daqui a cinco anos, por via da pastorícia, estejam a ser geridos 20 mil hectares por rebanhos de "cabras sapadoras", sublinhou.

"A questão das 'cabras sapadoras' é um elemento essencial. Através do pagamento de um serviço prestado por rebanhos, consigo ter um instrumento que é neutro do ponto de vista do carbono e que é um elemento muito importante, porque pode ajudar a fazer defesa da floresta contra incêndios sem o uso do fogo ou sem uso mecânico", sublinhou Miguel Freitas.

Durante a sessão de abertura da Feira Nacional da Floresta, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, destacou a importância da floresta enquanto sumidouro de carbono, sendo um elemento essencial na estratégia de Portugal ser neutro em termos de emissão de carbono até ao ano de 2050.

O ministro salientou que é preciso garantir um volume de emissões "parecido com a capacidade que a floresta tem de absorver" carbono num espaço de 22 anos, sendo que o país tem de reduzir de "sete para um", em termos do carbono que emite.

"Este futuro não pode ser encarado com os instrumentos do passado. Temos que promover uma revolução muito grande na maneira de estar, de fazer, de produzir, de consumir", defendeu.

Nesse sentido, o uso do petróleo deverá estar restrito a "muito poucos sectores", como a aviação, fabricação de betuminosos e transporte marítimo, sendo que o país terá também de encarar de outra forma o consumo de recursos.

Se a sociedade mantiver o mesmo tipo de consumo, acabam-se recursos, alertou, considerando que ou Portugal muda de um modelo de economia linear para um modelo de economia circular, "ou tudo o que aí vem é tudo menos abundância".

"Temos que deixar de ser consumidores para sermos utilizadores", vincou o ministro.

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