Quem denunciou caso foi agente desportivo que Paulo Silva tentou corromper

Investigadores encontraram 60 mil euros em dinheiro num armário no gabinete de André Geraldes.

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Paulo Silva à saída do DIAP LUSA/RUI FARINHA

O autor da participação criminal que deu origem à investigação da Operação Cashball foi um agente desportivo ligado ao andebol, que o empresário Paulo Silva tentou corromper no Porto. Por isso mesmo é que o inquérito está a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto que delegou o apuramento dos factos na Secção Regional de Investigação da Corrupção da Directoria do Norte da Polícia Judiciária.

Ao contrário do que tem sido repetido por diversos órgãos de comunicação social, não foi o empresário quem denunciou os crimes. Já o inquérito decorria, quando Paulo Silva foi oferecer a sua história ao Correio da Manhã, a quem disponibilizou inúmeras comunicações feitas através do WhatsApp e que referem contactos para pagar aos árbitros da Liga de andebol entre 1500 e 2000 euros.

Esta quinta-feira, os quatro detidos do caso, que também incide sobre a viciação de resultados no campeonato de futebol que terminou no passado domingo, foram presentes a uma juíza do Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Apenas Paulo Silva, que assumiu ao Correio da Manhã ter corrompido árbitros, é que aceitou prestar declarações à juíza.

O caso está nas mãos da equipa coordenada pelo procurador Jorge Noel Pinto, especializada na investigação de “crimes de colarinho branco” no DIAP do Porto. Foi um elemento desta equipa que pediu esta quinta-feira em tribunal uma caução de 60 mil euros como medida de coacção para o actual director-geral do futebol do Sporting, André Geraldes, no âmbito do processo Cashball, no qual o dirigente é suspeito de corrupção activa no fenómeno desportivo, apurou o PÚBLICO junto de fonte das defesas.

No âmbito desta operação, a equipa de investigadores encontrou ainda 60 mil euros em dinheiro num armário no gabinete de André Geraldes.

Os quatro arguidos detidos – dois empresários e os dois funcionários do Sporting – ficaram todos proibidos “de contactos com a estrutura directiva de clube desportivo identificado, com a sua SAD ou com funcionários dos mesmos”, e igualmente impedidos de contactar “dirigentes desportivos, árbitros desportivos, agentes desportivos e jogadores de qualquer modalidade desportiva”. Além destas medidas de coacção, os quatro detidos foram ainda proibidos de frequentar as instalações do Sporting, de se ausentar para o estrangeiro e de contactarem com os restantes arguidos.

O empresário Paulo Silva, que admitiu ao Correio da Manhã ter pago a árbitros para beneficiar a equipa de andebol do Sporting em vários jogos no campeonato 2016/17, ficou igualmente proibido de contactar órgãos de comunicação social e jornalistas.

Além destes quatro arguidos que saíram em liberdade na quinta-feira à noite, o inquérito tem também já três arguidos constituídos por suspeitas de corrupção passiva. Serão agentes desportivos ligados ao andebol.

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