Director do Sporting suspenso de funções e obrigado a pagar caução de 60 mil euros

Além dos quatro detidos, o processo tem ainda mais três arguidos que estão indiciados por corrupção passiva.

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André Geraldes é um dos braços-direitos de Bruno de Carvalho RUI FARINHA/LUSA

O actual director-geral do futebol do Sporting, André Geraldes, foi suspenso de funções esta quinta-feira à noite por decisão de uma juíza do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, que obrigou igualmente o arguido a pagar uma caução de 60 mil euros. Também o braço direito de Geraldes, Gonçalo Rodrigues foi suspenso de funções no clube de Alvalade.

Os dois são suspeitos de corrupção activa no fenómeno desportivo por alegadamente estarem envolvidos num esquema de corrupção que terá passado pelo pagamento de luvas a árbitros que apitaram jogos da Liga de Andebol no campeonato 2016/2017. Também terão tentado viciar resultados no campeonato de futebol que terminou no passado domingo, através da compra de jogadores das equipas que defrontaram o Sporting.

Além dos quatro detidos na Operação Cashball, que saíram esta quinta-feira à noite em liberdade, o inquérito tem também já três arguidos constituídos por suspeitas de corrupção passiva. Serão agentes desportivos ligados ao andebol.    

Segundo uma nota divulgada pela Procuradoria-Geral Distrital (PGD) do Porto, os quatro arguidos detidos – dois empresários e os dois funcionários dos “leões” – ficaram todos proibidos “de contactos com a estrutura directiva de clube desportivo identificado, com a sua SAD ou com funcionários dos mesmos”, e igualmente impedidos de contactar “dirigentes desportivos, árbitros desportivos, agentes desportivos e jogadores de qualquer modalidade desportiva”. Além destas medidas de coacção, os quatro detidos foram ainda proibidos de frequentar as instalações do Sporting, de se ausentar para o estrangeiro e de contactarem com os restantes arguidos.

O empresário Paulo Silva, que admitiu ao Correio da Manhã ter pago a árbitros para beneficiar a equipa de andebol do Sporting em vários jogos no campeonato 2016/17, ficou igualmente proibido de contactar órgãos de comunicação social e jornalistas.

O despacho da juíza de instrução, segundo a nota da PGD Porto, “considerou fortemente indiciada a prática dos crimes de corrupção activa na actividade desportiva por todos” os detidos. Sobre o alcance da suspensão de funções dos dois funcionários do Sporting, a nota especifica que os dois arguidos estão suspensos “do exercício das funções ou actividades” que exerciam no clube, na sua SAD ou em qualquer empresa ou organismo ligado ao clube.

O comunicado explica que a juíza de instrução “acolheu” o pedido feito pelo Ministério Público quer quanto “às conclusões jurídico-penais", quer "quanto às medidas de coacção a aplicar”. Os quatro detidos tinham chegado ao início da tarde desta quinta-feira ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Apenas Paulo Silva aceitou prestar declarações à juíza.

Igualmente nesta quinta-feira, o futebolista do Vitória de Guimarães João Aurélio, que apareceu referido em áudios divulgados pelo Correio da Manhã TV e pela SIC, veio desmentir qualquer envolvimento neste caso. Também o Desportivo das Aves, cujo capitão foi citado em alegadas conversas por alegadamente favorecer o Sporting, manifestou "surpresa quanto às notícias que envolvem Nélson Lenho", afirmando a total confiança no futebolista. Por seu turno, o Clube Desportivo de Tondela, um dos clubes alegadamente visados na investigação, colocou-se à disposição das autoridades competentes para a "colaboração total e inequívoca" na investigação sobre a alegada viciação de resultados de jogos da I Liga de futebol.

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