Com um planeta mais quente 1,5 graus, a maioria das espécies ainda sobrevive

Estudou-se o que aconteceria a espécies de animais e plantas se a temperatura da Terra só subir 1,5 graus Celsius até 2100. Haverá consequências, mas não serão tão devastadoras.

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Kamal Kishore/Reuters

Pela primeira vez, cientistas da Austrália e do Reino Unido projectaram o que aconteceria a várias espécies se a temperatura do planeta subir 1,5 graus Celsius até 2100. Concluíram num artigo científico desta sexta-feira na revista Science que se conseguirmos que a Terra aqueça só 1,5 graus Celsius até ao final do século a maioria das espécies de animais e plantas conseguirá sobreviver às alterações climáticas. 

Em 2015, 195 países aprovaram o Acordo de Paris, um compromisso que tem como principal objectivo minimizar o aquecimento global. Comprometeram-se assim a limitar a subida da temperatura bem abaixo dos dois graus Celsius e esforçar-se para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius relativamente aos níveis pré-industriais.

Os cientistas estudaram o que aconteceria a cerca de 115 mil espécies com este aumento: 31 mil insectos, oito mil aves, 1700 mamíferos, 1800 répteis, mil anfíbios e 71 mil plantas. “Descobrimos que 18% dos insectos poderiam perder mais de metade da sua área geográfica se o mundo aquecer dois graus Celsius, e 6% se aquecer 1,5 graus”, diz ao PÚBLICO Rachel Warren, da Universidade de Ânglia Oriental e autora do artigo. “Da mesma forma, percebemos que 16% das plantas e 8% dos vertebrados poderiam perder metade da sua área geográfica com uma subida de dois graus Celsius, mas isto reduz-se para 8% e 4% se subir 1,5 graus.”

Rachel Warren revela que o mais surpreendente (e preocupante) é que se o planeta aquecer três graus Celsius, 49% dos insectos poderão perder metade do seu habitat. “Como muitos outros animais dependem dos insectos, e eles fazem coisas importantes como polinizar culturas e flores e manter o solo fértil, isto poderá ter muitas consequências”, alerta, salientando que os insectos são muito sensíveis às alterações climáticas. “De forma geral, a biodiversidade poderá diminuir muito, e isto significa que muitas das coisas que os ecossistemas fazem por nós, como purificar a água, evitar as cheias e a erosão dos solos ou contribuir para a nossa saúde mental, podem ser significativamente afectadas.”

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