Economia inicia ano de 2018 a abrandar

Variação homóloga do PIB baixa de 2,4% para 2,1%, enquanto a variação em cadeia passa de 0,7% para 0,4%. Exportações estão a crescer menos do que as importações. Primeiro-ministro diz que este "menor ritmo" está "em linha com o previsto"

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Nuno Ferreira Santos

Seguindo a tendência europeia, a economia portuguesa iniciou 2018 com um ligeiro abrandamento face ao ano passado, provocado por um crescimento das exportações mais baixo do que o das importações. Confirmam-se assim as projecções que apontam para uma variação do PIB (Produto Interno Bruto) este ano mais baixa do que a registada em 2017.

De acordo com a estimativa rápida para o PIB publicada nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a economia cresceu 2,1% no primeiro trimestre do ano, face ao período homólogo do ano anterior. No quarto trimestre de 2018, este indicador tinha sido de 2,4%.

Em relação à variação do PIB em cadeia, que tinha sido de 0,7% nos últimos três meses de 2017, o resultado baixou para 0,4% no arranque de 2018.

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A economia portuguesa registou, na totalidade do ano de 2017, um crescimento de 2,7%. Para 2018, o Governo está a apontar para um crescimento de 2,3%, valor semelhante ao projectado pela generalidade das instituições internacionais. Para já, no primeiro trimestre, o ritmo da economia é ligeiramente mais lento do que o estimado pelo executivo para o total do ano.

Nesta estimativa rápida, não são ainda apresentados os resultados das diferentes componentes do PIB, mas, de acordo com o INE, a principal explicação para o abrandamento do ritmo de actividade económica está no "contributo mais negativo" da procura externa líquida, isto é, das exportações deduzidas das importações. O INE assinala que, no primeiro trimestre, tanto em termos homólogos como em cadeia, as exportações cresceram menos que as importações.

Pela positiva, destaca-se o comportamento do investimento, que registou um contributo mais positivo para o crescimento tanto em termos homólogos como em cadeia. Já no que diz respeito ao consumo privado, quando se compara com o mesmo período do ano passado, regista-se uma ligeira desaceleração, mas quando se compara com o trimestre imediatamente anterior existe uma ligeira aceleração.

Numa reacção aos números publicados pelo INE, o Ministério das Finanças emitiu um comunicado em que destaca que o ritmo de crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre "está em linha com a evolução da economia europeia, onde o crescimento foi afectado por vários factores temporários".

Em particular, a equipa liderada por Mário Centeno diz que "o comportamento das exportações no primeiro trimestre de 2018 esteve sujeito a um efeito de calendário significativo", pelo facto de ter havido este ano "menos dois dias úteis que no trimestre homólogo". O Ministério das Finanças mostra ainda confiança de que, ao nível das exportações, o próximo trimestre registe um regresso das boas notícias, indicando que o primeiros resultados disponíveis para Abril mostram uma correcção do efeito negativo do calendário. "Abril foi o mês com o maior volume de exportações de sempre do comércio internacional para fora da União Europeia", afirma o comunicado.

Costa desdramatiza: "Está em linha com o previsto"

Também o primeiro-ministro desdramatizou o cenário do abrandamento da economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano vincando que "está em linha com o previsto" pelo Governo. "Prevíamos para este ano um menor ritmo do crescimento da nossa economia, em linha com o que é a evolução da economia europeia", disse António Costa aos jornalistas à margem do encerramento da formação teórica de 390 novos elementos do GIPS - Grupo de Intervenção, de Protecção e Socorro da GNR.

O chefe do Governo salientou que a expectativa é a de que o actual trimestre "venha a revelar um resultado melhor", vincando haver dois indicadores que "apontam para isso": o "investimento significativo" do primeiro trimestre que deverá começar a dar frutos agora, e também a "evolução das contribuições para a Segurança Social [que mostra] que o ritmo de criação de emprego e de redução do desemprego continua bastante acelerado".

Procurando mostrar que não há surpresas nos números do INE, António Costa insistiu que a "previsão" do Executivo para este ano "era de um ritmo de crescimento menor do que tivemos no ano passado, em linha com o que acontece com a economia europeia".

 

Europa também abranda

O abrandamento português acompanha aquilo que aconteceu no início deste ano no resto da zona euro. De acordo com os números apresentados também nesta terça-feira pelo Eurostat, a economia da zona euro passou, tal como Portugal, de uma taxa de crescimento em cadeia de 0,7% no quarto trimestre de 2017 para 0,4% no primeiro trimestre deste ano. Em termos homólogos, o crescimento passou de 2,8% para 2,5%.

Isto significa que Portugal, depois de no total de 2017 ter conseguido crescer mais do que a média da zona euro, inicia 2018 prolongando a tendência já verificada no final do ano passado de apresentar um ritmo de crescimento ligeiramente inferior ao dos seus parceiros.

O abrandamento registado na zona euro, e em particular nos principais parceiros comerciais de Portugal, constitui por sua vez um obstáculo para que o país registe taxas de crescimento mais elevadas, já que limita o desempenho das exportações. 

Em Espanha, o principal destino das exportações portuguesas, a variação do PIB em cadeia manteve-se estável em 0,7%, mas a variação homóloga baixou ligeiramente de 3,1% para 2,9%. Na Alemanha, a economia com maior peso na zona euro, a variação do PIB em cadeia passou de 0,6% para 0,3% e a homóloga de 2,9% para 2,3%. Já no que diz respeito à França, o abrandamento foi de 0,7% para 0,3% no crescimento em cadeia e de 2,6% para 2,1% no crescimento homólogo.

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