Bruno de Carvalho criticou Godinho Lopes por este não cumprir contratos

Após a saída de Sá Pinto, o actual presidente do Sporting criticou o seu antecessor no Facebook e deixou uma pergunta: “Perante estes resultados recentes e actuais, porque os sócios não podem demitir a direcção?”

Foto
Bruno de Carvalho e Jorge Jesus estão cada vez mais de costas voltadas Reuters/SUSANA VERA

“Se os contratos não são para cumprir, porque devem ser cumpridos os mandatos?” A frase tem cinco anos, sete meses e nove dias, e foi escrita pelo candidato à presidência do Sporting Bruno de Carvalho, na página oficial da sua candidatura, no Facebook. Na altura, a menos de seis meses de ser eleito presidente dos “leões”, Bruno de Carvalho criticava Godinho Lopes, que acabava de despedir Sá Pinto. “Perante estes resultados recentes e actuais, porque os sócios não podem demitir a direcção?”, questionava na altura o actual líder do Sporting.

A 5 de Outubro de 2012, depois de uma vitória, três empates e uma derrota nas cinco primeiras jornadas do campeonato, e um empate sem golos em casa frente ao Basileia na Liga Europa, o claro desaire (3-0) sofrido na Hungria frente ao Videoton de Paulo Sousa foi o fim da linha para Sá Pinto. Com a sucessão de resultados negativos, a SAD sportinguista enviou um comunicado à CMVM, onde informou que “Ricardo Sá Pinto deixa de ser treinador da equipa principal de futebol”.

No mesmo dia, Bruno de Carvalho reagiu no Facebook. Na página da sua candidatura à presidência “leonina”, o actual presidente do Sporting começou por lembrar que “a Direcção e a estrutura directiva” acabavam “de despedir o segundo treinador em duas épocas”, o que, apesar de ser “um acto de gestão”, motivava uma pergunta: “Domingos [Paciência] tinha contrato por cumprir, Sá [Pinto] tinha visto o seu contrato ser renovado, mas ambos acabaram despedidos. Porquê?” Num momento conturbado para o Sporting, Bruno de Carvalho terminava o seu post com mais duas questões: “Perante estes resultados recentes e actuais, porque os sócios não podem demitir a direcção? Afinal, se os contratos não são para cumprir, porque devem ser cumpridos os mandatos?” Agora, no papel de presidente, Bruno de Carvalho prepara-se para não cumprir pela segunda vez consecutiva um contrato com um treinador da equipa principal de futebol.

Quando assumiu a presidência, o treinador do Sporting era Jesualdo Ferreira, elogiado pelo candidato Bruno de Carvalho que disse ser sua vontade manter o técnico, mas dois meses após o acto eleitoral, Jesualdo abandonou Alvalade. Na altura, uma fonte do clube sportinguista, em declarações à agência Lusa, revelou que “as exigências feitas por Jesualdo Ferreira” colidiam “com a estrutura delineada para o futebol e com o papel que estava atribuído ao presidente [Bruno de Carvalho], a Augusto Inácio e a Virgílio”. Seguiu-se Leonardo Jardim. A relação entre presidente e treinador teve alguns percalços durante a época que trabalharam juntos, tendo sido noticiado uma “reprimenda” de Bruno de Carvalho a Jardim, depois de o técnico ter dito, no final de um jogo com o Rio Ave, que era uma "hipocrisia" Sporting, Benfica e FC Porto falarem de arbitragens, porque "os três grandes são os mais beneficiados". Porém, em Maio de 2014, Bruno de Carvalho anunciou a saída do treinador para o Mónaco, a troco de três milhões de euros, deixando a garantia que Jardim teria “a porta aberta para regressar”.

O treinador seguinte foi Marco Silva, que em dois anos tinha levado o Estoril da II Liga à Liga Europa, mas a relação entre presidente e técnico ficou ferida de morte depois de mais um post no Facebook de Bruno de Carvalho, em Novembro de 2014, a criticar o desempenho da equipa principal em Guimarães (0-3) e da equipa B com o Atlético (0-5): “Este fim-de-semana jamais poderá ser esquecido. Quer a equipa principal quer a equipa B brindaram os sportinguistas com péssimas exibições que não dignificaram o nosso clube e a nossa camisola. Não demonstraram garra nem vontade de vencer e isso é lamentável só nos restando pedir desculpa por não termos sido dignos do clube que representamos."

Apesar do óbvio mal-estar, a “paz podre” entre dirigente e técnico manteve-se até ao final da época, altura em que Bruno de Carvalho, depois de o Sporting vencer a Taça de Portugal, abriu um processo disciplinar a Marco Silva, avançando depois para o despedimento com justa causa. 

Para já, apesar do ambiente pesado após as várias reuniões realizadas nesta segunda-feira em Alvalade, segundo Bruno de Carvalho, “ninguém foi suspenso”. Porém, a sua relação com Jorge Jesus parece definitivamente inquinada e condenada a mais um final abrupto. Antes ou depois da final da Taça de Portugal?

Sugerir correcção
Comentar