Guia com 81 formas de ajudar a envelhecer em casa e na comunidade

Iniciativa de professor da Universidade Católica Portuguesa contou com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

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Todos querem envelhecer num lugar que conhecem ADRIANO MIRANDA

Um centro de noite, uma aldeia-lar, psicologia ao domicílio, fisioterapeutas que vão de aldeia em aldeia ou transportes públicos à medida das necessidades de cada um são alguns dos exemplos que surgem num guia de boas práticas. Tem título em língua inglesa, Ageing in Place, que quer dizer envelhecer no lugar, isto é, em casa, na comunidade, mas está escrito em português e diz respeito a Portugal. São 81 iniciativas de Norte a Sul do país reunidas numa obra que é apresentada esta terça-feira na Universidade Católica, no Porto, e esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Todos os anos, António Fonseca, professor associado da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, costuma explicar  aos seus alunos que quase toda a gente quer envelhecer num lugar que conhece. Há “vantagem em termos de manutenção de um sentido para a vida e de preservação de sentimentos de segurança”, só que isso coloca grandes desafios.

Fala-lhes sempre no projecto Cidades Amigas dos Idosos, da Organização Mundial de Saúde. Distribui uma reportagem que o PÚBLICO publicou em Setembro 2015 sobre Manchester, “para que possam perceber como uma cidade pode organizar-se para facilitar a vida aos mais velhos”. E os alunos querem saber o que se passa em Portugal.

Conhecia alguns exemplos. Coligira outros, desde logo uma série de reportagens do PÚBLICO publicadas naquele mesmo ano sobre serviços que se deslocam a casa ou à comunidade de quem deles precisa. Quantos outros haveria, longe dos holofotes? Quis recolher iniciativas de organizações públicas e privadas sem as quais a vida de muitos "seria mais difícil ou mesmo intolerável".

Exemplos em dez áreas

António Fonseca pediu apoio à Fundação Calouste Gulbenkian e, entre Setembro de 2017 e Maio de 2018, identificou 81 exemplos distribuídos por dez áreas: apoio aos cuidadores, combate ao isolamento, gerotecnologias e investigação, inovação em apoio domiciliário, inovação em centro de dia, intervenção na vida da comunidade, lazer, actividade física e aprendizagem ao logo da vida, melhoria das condições de habitação, recursos de saúde, animação, nutrição e acompanhamento psicológico, segurança, mobilidade e bem-estar.

Usa o termo em inglês porque a tradução para português lhe parece limitada. “Um lar também é um lugar", sublinha. Ageing in place é um conceito mais complexo.

No estudo, cita a antropóloga Esther Lecovich, da Ben-Gurion University of the Negev, de Israel, para apontar várias dimensões a ter em conta: “uma dimensão física (a casa, a aldeia, o bairro, a cidade onde se vive), uma dimensão social (envolvendo relacionamentos e contactos interpessoais), uma dimensão emocional e psicológica (que tem que ver com um sentimento de pertença e ligação a um lugar) e uma dimensão cultural (ligada aos valores, às crenças e aos significados que as pessoas atribuem um determinado espaço)”.

Esta terça-feira, a partir das 14h30, três exemplos vão ser apresentados na Universidade Católica do Porto: um da Câmara de Foz Côa, outro da Câmara de Ílhavo e outro da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Na Quarta-feira, outros três estarão em destaque na Fundação Calouste Gulbenkian: da Associação Mais Proximidade Melhor Vida (Lisboa), da Santa Casa da Misericórdia de Mértola e do consórcio Cáritas Paroquial de Coruche, equipa CLDS3G / Câmara Municipal de Coruche.

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