PETA exige à Farfetch que deixe de vender roupa com pêlo de animais

Catálogo tem peças com peles de raposa, marta, ou lã angorá. Associação de defesa dos animais dá como exemplo marcas que proibiram pêlo nas roupas e alerta para efeitos negativos da indústria da pele.

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Instalações da Farfetch, em Guimarães, 2016 fernando veludo n/factos

A PETA (a sigla em inglês para Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) exige que a empresa Farfetch, fundada pelo português José Neves, deixe de ter à venda peças feitas com pêlo de animais na sua plataforma. A presença deste artigos são um “catálogo de horrores”, diz a associação de defesa de animais, insistindo que a utilização de peles é nociva para animais e também para a saúde humana, por causa da utilização de químicos que evitam que o pêlo entre em decomposição. O PÚBLICO contactou a Farfetch, cuja porta-voz se recusou a tecer comentários.

No site da plataforma, dominada por artigos de luxo, são vendidas peças com peles de animais como raposas, martas, coelhos ou castores, mesmo em roupa de criança. A PETA diz ter notificado a empresa, cuja sede está no Reino Unido, do impacte ambiental negativo da indústria do pêlo e, em comunicado, refere ainda que muitos destes animais são abatidos por gaseamento, electrocutados na zona dos genitais e, por vezes, esfolados enquanto ainda estão vivos.

“Não há nenhuma desculpa” para que a Farfetch continue a permitir a venda destes artigos, defende a PETA – até porque outras marcas como a Gucci, a Michael Kors, a Ralph Lauren, a Giorgio Armani e a Versace já proibiram a utilização de pêlo de animal nas suas peças. Em 2017, a associação de defesa dos animais comprou acções da Louis Vuitton para convencer a marca de luxo a deixar de usar peles verdadeiras. Antes disso, tinha-se tornado accionista do SeaWorld, da Hermès e da Prada, para promover o mesmo combate.

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Um protesto da PETA contra o uso de casacos de peles, em Paris Charles Platiau/REUTERS

No site da Farfetch, o PÚBLICO encontrou dezenas de produtos feitos com pêlo de animais (ainda que existam muitas peças em faux-fur, pêlo falso). A título de exemplo, está à venda no site um casaco da Saint Laurent que custa 9990 euros, feito unicamente com pele de raposa.

A Farfetch é ainda criticada por permitir a venda de peças com lã angorá que, segundo a PETA, faz com que os coelhos passem por “uma tremenda quantidade de dor, angústia, e sofrimento”, já que a lã é retirada quando os animais ainda estão vivos. Depois, são postos em jaulas até que a lã volte a crescer e o processo é repetido, até quatro vezes por ano. No site, é possível ver dezenas de produtos que utilizam este tipo de lã, como uma saia da Balmain que custa 629 euros, feita com 50% de lã angorá, ou uma camisola da Philosophy di Lorenzo Serafini com 80% desta lã, pelo preço de 146 euros.

Criada por José Neves, natural do Porto, a Farfetch é uma startup avaliada em mais de mil milhões de dólares, empresas conhecidas como “unicórnios”. Em Março, foi noticiado que a Farfetch se preparava a sua entrada em bolsa, depois de ter contratado dois gigantes da banca, o JP Morgan e o Goldman Sachs.

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