Costa quer olhar para o futuro: “Não faz sentido que o nosso congresso seja sobre o presente”

O secretário-geral socialista defendeu que o partido se deve concentrar não no presente, mas no futuro do país.

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Costa reiterou que o PS "tem de ser capaz de separar as questões da justiça e da política" LUSA/MÁRIO CRUZ
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O secretário-geral do PS pediu nesta segunda-feira aos militantes socialistas que, até ao congresso nacional do seu partido, se concentrem no debate das questões do futuro e não em factos do presente ou do passado.

Esta mensagem foi assumida de forma repetida por António Costa na apresentação da moção de orientação política que leva ao congresso da Batalha (entre 25 e 25 deste mês), intitulada "Geração 20/30", durante uma sessão com militantes da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL).

No discurso inicial do líder socialista, que durou cerca de 30 minutos, estiveram totalmente ausentes referências aos casos de actualidade, à questão da política de alianças, ou às metas eleitorais do PS para as eleições europeias e legislativas

"Não faz sentido que o nosso congresso seja sobre o presente, mas sobre o futuro do nosso país", sustentou, antes de argumentar que, nos últimos dois anos e meio, o seu executivo, suportado pela esquerda parlamentar, "cumpriu o que prometeu". "Por isso, neste congresso, temos a oportunidade de poder fazer algo que é essencial em política, mas que muitas vezes não temos nem tempo nem condições para o fazer", disse.

Ou seja, de acordo com António Costa, o PS dispõe da oportunidade de agora "não ter de olhar para o drama de hoje, nem para a questão que se vai colocar amanhã, podendo antes concentra-se no horizonte de médio e longo prazo, nas grandes questões estratégicas que se colocam ao país".

Mas António Costa, na parte final do seu discurso, foi ainda mais longe neste apelo sobre o que deseja que os delegados socialistas discutam no próximo congresso. "O objectivo da moção não é antecipar o programa do Governo, que aprovaremos em Junho/Julho do próximo ano, mas definir opções estratégicas. É esse o debate que quero que se faça aqui no partido, nesta semana, nas próximas semanas e no congresso", declarou.

Neste contexto, o secretário-geral do PS invocou mesmo o fundador e primeiro líder do partido, Mário Soares. "O PS foi criado porque era essencial haver um partido que soubesse conciliar os valores da solidariedade, da igualdade, da liberdade e da democracia para servir Portugal e os portugueses. Aquilo que nos cabe é relativamente curto na história deste partido com 45 anos, mas é de enorme responsabilidade: Sermos nós a dar continuidade nos próximos dois anos àquilo que foi iniciado por Mário Soares há 45 anos e que foi continuado por diferentes líderes, um após outro", afirmou, em estilo de conclusão.

Esta foi a única referência indirecta ao antigo secretário-geral José Sócrates, que se demitiu na sexta-feira passada deste partido.

Já no período de debate desta sessão, reservada apenas a militantes e sem a presença da comunicação social, apenas um homem se levantou para condenar "a mediatização da justiça e o julgamento que está a ser feito ao camarada [José] Sócrates na praça pública".

António Costa, segundo fonte socialista, reiterou a tese de que o PS, enquanto partido, "tem de ser capaz de separar as questões da justiça e da política". A seguir, manifestou confiança no funcionamento do sistema de Justiça em Portugal, mas criticou também as fugas de informação.

Perante os militantes da FAUL, o discurso de António Costa foi em grande parte preenchido com a questão do combate às alterações climáticas, um dos quatro eixos centrais da sua moção "Geração 20/30". No plano político, o secretário-geral do PS considerou que hoje, em Portugal, "vive-se melhor do que há dois anos e meio". "Há agora confiança na economia e nas instituições portuguesas, o que é uma grande valor para o país", acrescentou.

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