Até ao fim do ano, Guimarães terá ilustrações em ponto BIG

Divulgar os artistas portugueses e reflectir sobre a importância da ilustração no mercado editorial e cultural são os objectivos da 1.ª Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG). Até 31 de Dezembro, na cidade minhota

"O mundo não desistiu das artes e dos seus artistas." Quem o diz é Tiago Manuel, também ele artista e agora director artístico da BIG, o primeiro evento dedicado à ilustração em Guimarães, que arrancou em meados de Outubro. Em conjunto com Rui Bandeira Ramos, o director técnico que coordena as pinceladas nos bastidores, apresentou à Câmara Municipal de Guimarães o projecto, do qual resultou esta bienal. Em foco estão os ilustradores portugueses, cujo trabalho se tem ampliado à escala global.

Um desses exemplos é João Fazenda, o vencedor do primeiro Grande Prémio BIG, reconhecimento que se junta à outra dezena de distinções nacionais e internacionais que colheu nos últimos anos. Se passou as raízes tradicionais do som dos Deolinda para as capas dos álbuns da banda, também ajudou a TAP a dar as boas-vindas aos refugiados; lá fora, tem colorido as páginas do The New York Times, The Guardian e El País. É possível conhecer algum do trabalho de João Fazenda no Centro Cultural Vila Flor, numa exposição que contempla as obras dos 50 concorrentes ao Grande Prémio BIG, incluindo a vencedora do Prémio Revelação, Carolina Celas. Os traços que desenham o percurso do evento em Guimarães também chegam ao Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (CAAA) neste sábado, 11 de Novembro, com a exposição Azul em Jaguar Turquesa, de Daniel Lima, o autor do cartaz da primeira edição da BIG.

Segundo Tiago Manuel, Guimarães "é das cidades que melhores condições possui para a realização de acontecimentos culturais com a qualidade e a dimensão da BIG”, sendo que “o município tem uma longa tradição cultural” que abrange diversas áreas artísticas. A conotação pedagógica que muitas vezes é empregue nas actividades culturais vimaranenses também justificou esta escolha, pelo que o director artístico recomenda “a participação do público e das escolas” em toda a programação da BIG, que também se estende ao Palacete de Santiago, no Museu de Alberto Sampaio. Nesse sentido, as inscrições são gratuitas para o ciclo de palestras A Teia da Ilustração, que conta com a contribuição do francês Mattia Denisse, artista multidisciplinar que aterrou em Portugal em 1999, a 24 de Novembro. Depois, a 9 de Dezembro, é a vez do britânico sediado em Coimbra Paul Hardman, que se destaca também no design gráfico. O ponto de encontro é o Centro Internacional das Artes José Guimarães (CIAJC), ao pé da Plataforma das Artes.

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Carolina Celas, vencedora do Prémio BIG Revelação 2017 DR

Como a demanda é “melhorar, premiar e divulgar a ilustração portuguesa”, a BIG também quer contribuir para fazer desvanecer “um grande preconceito e grande desconhecimento desta disciplina artística”, diz Tiago Manuel. Mas a mudança dessa percepção precisa de “tempo, dedicação e humildade”. No entanto, o director artístico da BIG acrescenta que existe uma “promoção profissional dos museus, galerias e fundações culturais” que tem mudado a maneira como se vê a arte portuguesa. O evento só se despede de Guimarães no final do ano, mas já há encontro marcado para daqui a dois. Até lá, há tempo para que “o maior número possível de autores possa renovar as ilustrações”.

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João Fazenda, vencedor do Grande Prémio BIG 2017 DR
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