Esta “aldeia” cuida e protege gatos de rua

O Movimento Movido a 4 Patas cria abrigos para acolher e alimentar as colónias de gatos que vivem nas ruas de uma freguesia de Sintra. Projecto está a ser alargado a outros locais

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Numa aldeia onde vivem cerca de 15 gatos em cada colónia encontrada nas ruas, há quem cuide destes animais — dando alimento, água e carinho —, mas as ninhadas continuam a aumentar e é cada vez mais difícil protegê-las dos perigos. Por isso, o Movimento Movido a 4 Patas, uma associação de ajuda animal, uniu-se à Junta de Freguesia de Almargem do Bispo, Pêro Pinheiro e Montelavar, em Sintra, para desenvolver e produzir abrigos para os gatos abandonados nas ruas.

O primeiro abrigo, localizado na rua da Fonte, no centro de Almornos, foi inaugurado em Março e a iniciativa alargou-se, em Setembro, ao Parque de Campismo de Almornos, em Sintra, onde foi implementada a segunda “Aldeia dos Gatos”. O principal objectivo do projecto passa por criar um espaço comum e “controlar a população de animais”. “É um projecto que tenta proteger e salvaguardar, o mais possível, a vida destes animais e integrá-los, de uma forma controlada, na área onde viviam”, explica Raquel Matos, do Movimento Movido a 4 Patas, ao P3.

Os abrigos construídos em madeira têm oito entradas que dão acesso a dormitórios com camas, almofadas e mantas, onde cada um dos animais se pode alojar, e estão ainda equipados com kits de primeiros socorros para situações urgentes. Preparados para acolher uma colónia inteira de gatos, têm ainda um espaço envolvente, vedado com uma cerca de madeira, onde estes animais podem alimentar-se, brincar, trepar as árvores ou apanhar sol.

 

Em contacto com os animais, a equipa da associação e outros tratadores perceberam que estes gatos têm tudo o que é necessário. Com estes abrigos, torna-se mais fácil alimentar, controlar a sua saúde e impedir que sejam atropelados ou envenenados. “Como os animais se vão habituando a quem trata deles, começam a interagir com as pessoas e quando têm, por exemplo, um problema de saúde, conseguimos apanhá-los mais facilmente e levá-los ao veterinário.”

Para prevenir que as ninhadas de gatos cresçam, todos os animais são “castrados e esterilizados” e, depois, identificados como membros dos abrigos. O número de gatos que viviam nas ruas, continua Raquel, vai manter-se estável — excepto em situações em que apareça algum animal errante ou abandonado a precisar de ser acolhido. “Não há famílias suficientes para acolher a todos e muitos destes animais não conseguem integrar-se porque viveram muito tempo nas ruas.”

A “Aldeia dos Gatos” foi a solução encontrada por Raquel e pelo Movimento Movido a 4 Patas. A criação do terceiro abrigo na freguesia, que acolherá outra colónia com 15 gatos, está prevista para o final do mês de Outubro. Esta iniciativa poderá alargar-se, em breve, a outros pontos do país: “Queremos implementar o projecto a nível nacional para poder, de alguma forma, ajudar estes animais esquecidos que vivem na rua e não estão contabilizados”.

O movimento pretende ainda “criar um projecto de crowdfunding” para oferecer dez abrigos a cuidadores de animais e a outras associações de apoio a gatos de rua e organizar um “roteiro pelas diferentes aldeias dos gatos”, através da criação de coordenadas de geocaching com o propósito de “unir os abrigos a nível nacional” e “convidar as pessoas a trazer donativos para as colónias”.

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