“Violentómetro” chega aos Açores para denunciar violência nas relações

Projecto da UMAR-Açores quer detectar e denunciar sinais de violência nas relações afectivas e de amizade de estudantes entre os 12 e os 18 anos

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A UMAR-Açores, que completa esta semana 25 anos na região, vai desenvolver nas escolas básicas e secundárias de São Miguel, Terceira e Faial o projecto "violentómetro" para detectar e denunciar sinais de violência nas relações afectivas e de amizade.

"Já estamos em conversações com os concelhos directivos das escolas para desenvolvermos o projecto em São Miguel e posteriormente na Terceira e Faial", disse a presidente da UMAR - Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres, na região, Maria José Raposo, em declarações à agência Lusa. A responsável da associação explicou que o projecto resulta de uma parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Direcção Regional da Solidariedade Social, acrescentando que a iniciativa culmina com a entrega aos alunos de um kit (o "violentómetro") que inclui uma régua para medir e controlar determinados comportamentos, como a raiva, a ira ou o facto de uma pessoa estar zangada.

"Inicialmente aplicamos um inquérito para perceber como é que eles lidam com violência e como vêem as atitudes menos correctas entre si. Posteriormente vamos trabalhar estas atitudes com acções próprias para alteração de comportamentos", salientou Maria José Raposo, acrescentando que será um projecto faseado que vai abranger estudantes entre os 12 e os 18 anos. A dirigente adiantou que a associação tem feito várias acções de sensibilização sobre a violência junto da comunidade escolar, mas havia necessidade de realizar "um trabalho estruturado", daí justificar-se a implementação do "violentómetro".

"A UMAR fez uma caminhada ao longo destes anos muito em prol dos direitos e necessidades das mulheres. Não podemos esquecer o que acontece sobretudo às mulheres em pleno século XXI na violência de género, na violência doméstica", alertou Maria José Raposo, frisando que o trabalho diário vai também no sentido da prevenção das desigualdades laborais e salariais.

A presidente da UMAR-Açores defendeu ainda a necessidade de um novo estudo na região sobre a violência, alegando que "quase diariamente a linha SOS Mulher toca", registando o ano passado cerca de 200 chamadas. Outas denúncias surgem pelas redes sociais, nomeadamente, via Facebook da associação: "A sociedade está mais desperta. As pessoas sentem que têm mais direitos ou que as repostas são mais eficazes".

Com sede em Ponta Delgada, São Miguel, em instalações recentes cedidas pelo município, a UMAR conta ainda com um gabinete na Ribeira Grande. Nesta ilha "são necessários mais recursos humanos", referiu. No Faial, dispõe de uma delegação e de uma casa-abrigo com capacidade para 16 pessoas, valência que está parcialmente cheia, havendo, no entanto, sempre um quarto vago para uma situação de emergência. Aqui, a urgência prende-se com novas instalações, pois o centro de atendimento funciona numa junta de freguesia.

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