Arouca Film Festival: são curtas e são feitas com telemóveis

Realizadores vão imaginar um guião e captar imagens do centro histórico daquela vila do distrito de Aveiro com o objectivo de fazerem um filme

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Felix Mooneeram/Unsplash
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A ideia é tão simples quanto original. Os realizadores com obras a concurso na 15.ª edição do Arouca Film Festival, que começou esta quarta-feira, vão imaginar um guião e captar imagens do centro histórico daquela vila do distrito de Aveiro com o objectivo de fazerem um filme. A organização chamou-lhe oficina e à oficina chamou-lhe "Smart Cinema".

Obviamente que esta proposta do festival aos seus realizadores nasce da crescente tendência de utilização dos smartphones ao serviço da fotografia, do vídeo e das curtas-metragens. Todo um programa para explorar novas abordagens de enquadramento, escalas de planos, realização e edição. O objectivo da oficina é, portanto, "promover e facilitar o recurso às novas tecnologias de informação e comunicação como ferramentas privilegiadas para a captação e tratamento de imagens em vídeo", disse à Lusa João Rita, director do festival.

A edição deste ano tem 61 obras a concurso, uma conferência sobre o papel interventivo do cinema, a assinatura de um protocolo que levará filmes às escolas e... sessões de realização com telemóveis. Para João Rita, entre a selecção de obras a concurso, o festival "destaca-se pela sua heterogeneidade" e revela como realizadores de 11 países diferentes "fazem questão de demonstrar um estilo cinematográfico muito particular, em que todos os filmes revelam uma forte aposta na componente visual como elemento dramático".

Até este domingo, o festival consegue assim "transportar até Arouca alguns dos mais conceituados filmes" de produção recente, "muitos deles em estreia mundial" e todos reveladores de quanto o cinema continua a ser "um bem cultural extremamente enriquecedor".

O contributo público do cinema para as sociedades actuais é, aliás, o tema da conferência que abre o Arouca Film Festival e que avaliará "o papel pedagógico e interventivo" do cinema junto de diferentes comunidades. Para essa análise, a direcção do certame convidou o realizador George Felner, e também o produtor e cineasta Victor Santos, cuja carreira inclui diversas obras exibidas e premiadas a nível nacional e internacional.

A conversa contará ainda com participações como a de Luís Fardilha, que, enquanto técnico do Instituto Português do Desporto e da Juventude, tem dinamizado diferentes projetos artísticos em contexto escolar. É nesse mesmo enquadramento que a edição de 2017 do festival prevê o lançamento do projecto "Cinema nas Escolas", com que Cineclube, Câmara Municipal e Escola Secundária de Arouca pretendem "utilizar o cinema como ferramenta de trabalho" em contexto educativo.

O programa deverá envolver as crianças e jovens do concelho de Arouca, nos seus diversos graus de ensino, apostando na pedagogia cinematográfica para facilitar "a aquisição de novos conhecimentos e competências". 

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