Partículas de tinta das tatuagens viajam até aos gânglios linfáticos

Novo estudo revela que as partículas de tinta usada em tatuagens viajam pelo corpo. Investigadores recomendam que se tenha mais atenção à composição química das tintas

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StockSnap/Pixabay

Um relatório da Comissão Europeia de 2016 já alertava para o facto de, na Europa, alguns produtos usados em tintas para tatuagens conterem "químicos perigosos". Agora, um novo estudo publicado na Scientific Reports diz que partículas microscópicas de tinta (nanopartículas) viajam pelo corpo humano e chegam aos gânglios linfáticos, parte importante do sistema imunitário.

Os autores do estudo descobriram que estas nanopartículas incluem conservantes e contaminantes como magnésio, cobalto, crómio ou níquel. As tintas usadas para tatuar costumam conter negro-de-fumo (uma espécie de fuligem com resinas queimadas) e dióxido de titânio, também utilizado em alimentos e protectores solares.

Em 2005, escreveu o The Guardian, um juiz do estado norte-americano da Califórnia ordenou que dois grandes produtores de tinta para tatuagens incluíssem um rótulo com vários avisos aos consumidores, entre eles o de presença de “metais pesados” que podem provocar “cancro e deficiências de nascimento” e afectar a reprodução. “Quando as pessoas querem fazer uma tatuagem, são frequentemente cuidadosas a escolher um estúdio onde se usam agulhas esterilizadas, que nunca foram usadas antes. Ninguém verifica a composição química das tintas, mas o nosso estudo sugere que talvez isso deva ser feito”, explica Hiram Castillo, um dos autores e cientista no European Synchrotron Radiation Facility, em Grenoble, França.

As glândulas linfáticas contêm glóbulos brancos e ajudam o corpo a combater infecções. Um dos objectivos deste estudo é “providenciar provas analíticas da distribuição de partículas pelo corpo humano”. Uma vez terminada a investigação, os cientistas reportaram “fortes evidências da migração das partículas e da deposição, a longo prazo, de elementos tóxicos” no corpo.

“Já sabíamos que os pigmentos das tatuagens chegavam aos gânglios linfáticos devido a evidências visuais: os gânglios ficam marcados com a cor da tatuagem”, assinala Bernard Hesse, o outro autor do estudo. O que surpreendeu a dupla de cientistas — e se mantém uma incógnita — é o tipo de comportamento que as partículas nanométricas (menores do que as micrométricas) assumem.

Os investigadores utilizaram raios-X para visualizar estas pequenas partículas na pele e os gânglios linfáticos, localizados no pescoço, nos braços, nas virilhas e no abdómen. No entanto, reforçam que a investigação neste campo ainda vai conhecer novos episódios.

Segundo os dados divulgados pela Comissão Europeia em 2016, 12% da população europeia e quase 25% da norte-american tem, pelo menos, uma tatuagem.  

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