Para muitos artistas e outros profissionais da cultura, mover-se, residir e trabalhar fora de Portugal é cada vez mais uma opção de vida e parte integrante do seu trabalho. Entre outras possíveis razões para emigrar, a saída destes profissionais pode estar ligada, por um lado, a uma certa precariedade laboral transversal ao sector das artes e da cultura e, por outro, ao mérito que algumas cidades mundiais têm na capacidade de atrair e reter jovens artistas, designers e arquitectos, fomentando-se uma das mais polarizadas redes socioculturais do sistema migratório global.

É sobre este contexto que me inspirei para o desenvolvimento deste projecto de investigação sobre a Mobilidade de Artistas Portugueses: Capital Transcultural e Emigração nas Artes Visuais. No Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa (IGOT), onde sou bolseiro do programa doutoral em Migrações, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), tenho tentado, nos últimos anos, aprofundar o conhecimento geográfico sobre as dinâmicas urbanas e artísticas, aproximando a Geografia de tópicos relacionados com a arte e a criatividade.

Com este projecto de doutoramento, pretendo contribuir para a compreensão do fenómeno da emigração destes profissionais portugueses, ao mesmo tempo que procuro preencher um vazio sobre este tópico, na investigação e literatura científica da ciência social a que me dedico. Questiono-me sobre a configuração dos percursos geográficos desta emigração internacional, sobre o que motiva estes profissionais a emigrar, e sobre as condições e circunstâncias que definem e configuram o destino da emigração.

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O objectivo passa por analisar a importância do capital transcultural (mistura de capital social, cultural e económico) de profissionais qualificados com formação nos domínios das artes visuais — pintura, desenho, ilustração, design, fotografia, escultura, arquitectura, vídeo ou multimédia —, seja na sua mobilização para sair de Portugal ou a actualização em todo o processo de emigração.

Pretende-se também perceber em que medida estes profissionais desenvolvem práticas artísticas transnacionais, circunscrevendo as comuns actividades e práticas socioculturais e económicas que os emigrantes mantêm entre o destino da emigração e a sua origem à esfera artística. Aos referidos profissionais, o apelo é feito para que participem preenchendo o formulário online e, caso aceitem colaborar um pouco mais no estudo, se disponibilizem para a hipótese de uma posterior entrevista, que pode ser presencial, por telefone ou via Skype. Importante será dizer que todos os dados recolhidos serão tratados de forma anónima.