Uma sala que podia ser um apartamento e se tornou numa casa

Publicamos, quinzenalmente, às sextas, um projecto de arquitectura e de decoração de interiores com exemplos de como aproveitar da melhor forma o pouco espaço disponível numa habitação. Bem-vindos às Casas XS. Uma curadoria do blogue Alexandra Matos Design

João Morgado
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Quando Nuno Alves de Carvalho viu este espaço pela primeira vez, deparou-se com uma sala de 36 metros quadrados completamente vazia, sem referências, no terceiro e último piso de um prédio do século XIX, em obras de recuperação, no centro histórico do Porto.

Mas o programa para este espaço era ambicioso. “O cliente queria, com um orçamento reduzido, construir um apartamento completo onde fosse possível alojar quatro a cinco pessoas, com a maior privacidade possível”, explica o arquitecto.

A localização deste apartamento no último piso do prédio “permitiu quase de imediato definir uma estratégia inicial de demolir parte do tecto e tirar proveito do vão do telhado para ganhar mais 13 metros quadrados de área útil, acrescentando desde logo um carácter extra para a fase seguinte de definição de conceito”. O soalho foi o único elemento que se aproveitou, depois de descobrir que dava para recuperar.

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Para além das limitações físicas, havia também uma limitação orçamental que condicionou a escolha de alguns materiais idealizados inicialmente: “Penso que o maior desafio foi encontrar um equilíbrio entre as proporções da área Verde/Casa (o espaço funcional) e a área Neutra/Branca (a sala, ou como gosto de chamar, o pátio). Após alguns estudos e reflexões, chegamos à conclusão que a resposta era óbvia, ambas as partes deveriam ter a mesma dimensão e importância. A cor verde é a cor predominante da natureza, dos jardins das casas, que nos dá uma sensação de identificação e tranquilidade. As ripas de madeira e o aproveitamento do soalho antigo dão textura e temperatura, transmitindo-nos conforto e facilitando a apropriação do espaço.”

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Neste apartamento só existe uma porta e consequentemente uma única divisão fechada, que é o WC. Na prática, podemos dividir o apartamento em apenas duas metades. “Entramos num espaço claramente definido pela cor onde desenvolvemos as funções programáticas básicas e que tem um pé-direito comum e passamos rapidamente a um espaço de pé-direito duplo, de socialização, onde permanecemos a maior parte do tempo. Uma vez neste espaço só entramos em 'Casa' quando queremos cozinhar, dormir ou ir ao WC.”

Apesar de pequeno, este projecto, para além de responder às necessidades funcionais do programa, pretende criar uma experiência espacial, que passa pela sensação de surpresa e contradição criada pelo conceito do objecto “Casa” no terceiro andar de um prédio.

Dicas para espaços pequenos

Eliminar as áreas mortas. Tentar que cada pedaço de espaço seja útil. Utilizar cores claras e neutras. Os espaços pequenos devem ser aceites como tal, quanto mais “abertos” maiores e mais funcionais se tornarão.

Decoração low cost 

Cada caso é um caso. “Acredito que a decoração dos espaços pequenos assim como dos grandes são uma continuidade da personalidade de quem os habita e que é potenciada através de objectos afectivos.”

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