Horácio, um clarinete e uma carreira que é "realmente possível"

O jovem clarinetista abre o Festival ECHO Rising Stars, que decorre este fim-de-semana na portuense Casa da Música

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Nelson Garrido

No palco da Sala 2 da Casa da Música actuarão, este fim-de-semana (de 12 a 14 de Maio), no Festival ECHO Rising Stars, na Casa da Música, no Porto, cinco dos mais promissores solistas da actualidade internacional: o violoncelista Edgar Moreau, a pianista Mariam Batsashvili, a violinista Tamsin Waley-Cohen, o Armida Quartet e Horácio Ferreira, o jovem clarinista português.

Nomeado pela Casa da Música e a Fundação Gulbenkian, Horácio abre o Festival, às 21h, acompanhado pelo seu clarinete e por David Bekker, no piano.

Horácio tem 28 anos e cresceu em Pinheiro de Ázere, uma “terra pequenina, do interior” e “onde não existiam muitas actividades para as crianças”. Devido à escassez de opções, Horácio só podia "escolher entre futebol e a banda filarmónica”. Começou, assim, o seu percurso musical na Sociedade Filarmónica Lealdade Pinheirense “com sete ou oito anos”. “Quando fui para a banda queria tocar saxofone, talvez pela influência da televisão e também pelo formato do instrumento”, recorda. Mas o destino trocou-lhe as voltas. “Na altura, a banda precisava de clarinetistas e acabei por ser direccionado nesse sentido”, revela. A paixão nasceu aí e não parou de crescer.

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O reconhecimento é “muito importante”, revela o jovem (Nelson Garrido)

“Em 2002, vi um concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa, em Coimbra, com um clarinetista a solo, o Håkan Rosengreen e fiquei ‘uau, era mesmo isto que um dia eu gostava de fazer’”, recorda Horário entre sorrisos. E foi assim, inspirado pelo artista sueco e incentivado por amigos e familiares, que decidiu continuar a investir na sua carreira musical. Estudou no Conservatório de Coimbra e, depois, na Escola Profissional de Música de Espinho. Entretanto, depois de terminar a licenciatura na Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo, partiu para Madrid, onde tirou uma pós-graduação na Escola Superior de Música Rainha Sofia, e teve ainda aulas particulares em Paris.

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Horácio acredita que a carreira como músico é “realmente possível” (Nelson Garrido)

O gosto pela música e a vasta formação, valeram a Horário várias premiações. Venceu o Prémio Jovens Músicos (nível médio), foi distinguido no concurso Costa Azul e finalista no Young Artists Competition, no Kansas. Recentemente, venceu o primeiro prémio da 28.ª edição do Prémio Jovens Músicos (nível superior). Mas não é só: foi considerado o jovem músico de 2014, com o Prémio Maestro da Silva Pereira, ganhou uma menção honrosa no 67.º Concurso Primavera de Praga, conquistou o primeiro prémio no Concurso Internacional J. Pakalnis em Vilnius, na Lituânia. Foi também o único português seleccionado de 179 concorrentes, de 42 países, a apresentar-se no Concours Debussy – International Clarinet Competition, onde foi premiado pela melhor interpretação Premiere Rhapsodie de Debussy.

A carreira é "realmente possível"

Horácio Ferreira falou ainda ao P3 sobre a sua experiência mais marcante enquanto músico, que o “incentivou a continuar e a acreditar” que a carreira como músico “era realmente possível”. “A minha primeira vez a solo com uma orquestra foi com a Orquestra Gulbenkian, quando venci, pela primeira vez, o Prémio Jovens Músicos, em 2007, e foi inesquecível”, recorda.

O reconhecimento é “muito importante”, revela o jovem.“Ser músico é um bocadinho isso, ter protagonismo e nós tocamos, no fundo, para receber o carinho e os aplausos do público.” Mas lamenta que “não existam orquestras suficientes [em Portugal] para a quantidade de músicos de qualidade” que cá se formaram. Talvez por esse motivo já tenho percorrido muitos países europeus com a sua música. Mas também os Estados Unidos, o Canáda, o Brasil e a China receberam o clarinetista português.

Para esta noite, podemos esperar interpretações “únicas” e repletas de “individualidade”. “Vou interpretar a primeira sonata de Brahams e o Grand Duo Concertant de Weber” e, a grande surpresa, “uma obra contemporânea de um compositor finlandês, que estará aqui [Casa da Música] presente”.

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