Uma Síria que já não existe

Vê como era a Síria antes da guerra e como é agora. Searching for Syria é um projecto da Google que pretende desmistificar a realidade de um país em guerra e de todos os que tiveram de fugir dela, revelar a parte humana da história e apelar à solidariedade

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Searching for Syria

“A Síria que conhecíamos já não existe”. O Searching for Syria é um projecto da Google que nasceu com o objectivo de mostrar aos que estão de fora a realidade que se vive na Síria e os problemas provenientes de uma guerra que começou há seis anos. Objectivo: Mostrar que a Síria era um país como qualquer outro. Fazemos scroll down e realidade está à nossa frente. “Como era a Síria antes da guerra?"; "Talvez mais familiar do que aquilo que possas imaginar"; "Antes de a guerra começar em 2011, a Síria era um país vibrante. Mais de 22 milhões de pessoas viviam aqui. Muitos viviam as suas vidas como se vive em qualquer outro país desenvolvido – com música, moda e cultura”.

Mais de cinco mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, os seus pertences, as suas famílias e a sua educação. Mais de cinco mil pessoas foram obrigadas a fugir, literalmente, e a procurar abrigo na Europa, no Médio Oriente ou em qualquer outro país que lhes oferecesse segurança. A repercussão desta guerra é muito maior do que o que conseguimos imaginar e as experiências vividas pelos refugiados são demasiado pessoais para que as possamos compreender com precisão sem ver o percusso pelo qual alguns passaram. Sentir o que eles sentem. Ver o que eles veêm.

“O que começou por ser um protesto pacífico, rapidamente se tornou num conflito mortal” – desde 2015, a Google.org investiu "mais de 20 milhões de dólares" e conseguiu ajudar "mais de 800 mil refugiados".

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"Aprender" a Síria: é este o propósito do Searching for Syria, que tenta dar resposta a cinco das perguntas mais pesquisadas, através de imagens satélite, do Google Maps, vídeos e fotografia. Numa comparação entre a Síria antes do início da guerra e a Síria actual e vários testemunhos, inclusive de crianças, este site apela à ajuda, à compreensão e à solidariedade. Um vídeo mostra-nos o país visto de cima actualmente, e o que resta é pouco, quase nada.

Em 2010 o top de pesquisa na Síria eram temas comuns, que em nada faziam prever este desfecho: Arab Idol, Bodybuilding, Summer Fashion e Miley Cyrus eram os mais pesquisados. “A Síria era um centro de arte e cultura desde o ano 3000 a.C., (...) em 2008 a cidade de Damasco foi nomeada a Capital Arábica da Cultura, (...) a indústria turística estava a crescer exponencialmente antes da guerra” e recebeu “mais turistas em 2010 do que a Austrália” são alguns dos factos com que nos podemos deparar ao visitar este projecto.

A cada Junho, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) para os Refugiados apresenta um Relatório de Tendências Global, onde apresenta a realidade factual dos refugiados, dos migrantes e, no geral, de todos os que estejam sob o mandato da agência. Em 2016, a Google associou-se ao ACNUDH, de forma a unir informações que respondam às tantas questões que esta crise tem gerado. O objectivo é mostrar a parte humana da história, para além dos dados concretos que circulam pelos meios de comunicação.

As pessoas querem, realmente, perceber o que se passou, o que se passa e o que se poderá passar na Síria. Perguntas como “O que aconteceu na Síria?”, “Para onde estão a ir os refugiados?”, “Como era a Síria antes da guerra?” ou até mesmo “O que é um refugiado?” são uma constante no Google Search – e é sobre estas questões que o projecto Searching for Syria se debruça.

Refugiado: “uma pessoa que foi forçada a sair do seu país, de forma a escapar da guerra, de perseguições ou violência”, define o Searching for Syria. E acrescenta: “Existem agora mais pessoas deslocadas devido ao conflito ou perseguição do que em tempo algum desde a II Guerra Mundial (...) cerca de 65 milhões de pessoas foram obrigadas a sair das suas casas para escapar ao perigo."

Mais de dois milhões de sírios foram assassinados ou feridos e cerca de 24 mil dos que morreram eram crianças. Milhões foram separados das suas famílias na busca por segurança e são as mulheres e as crianças que representam a maioria dos refugiados. A história de uma família, que podemos ver no Searching for Syria, mostra exactamente essa realidade: a preocupação em salvar as crianças; o esforço, os perigos e a incerteza são enfrentadas, pelas crianças. “Se és sortudo, tens hipótese de fazer uma mala. Se não, simplesmente largas tudo e corres”, é uma das declarações. Em 2016, cerca de cinco milhões de sírios tornaram-se refugiados. E foram poucos os "sortudos" que conseguiram manter os poucos pertences que carregavam. Tiraram-lhes os que tinham e, em troca, ofereceram-lhes fronteiras barradas, auxílio rejeitado e desconfiança. Nem todos, mas muitos.

Mas há muito mais por descobrir no Searching for Syria. E muito mais para fazer. Num último apelo, o projecto explica ainda como podemos ajudar os refugiados. Existem três formas de fazer a diferença: partilha, doa ou junta-te a esta causa. O mais pequeno gesto importa e pode mudar uma vida.

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