Contra a crueldade, marchar, marchar!

No sábado, vou caminhar pelo fim da exploração animal nas suas diferentes formas. Porque não aceito que os animais sejam tratados como seres inferiores

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Yun Suk Bong/ Reuters

Pela evolução do actual estado de holocausto animal e o fim do instalado antropocentrismo, uma percepção cruel que parte do silogismo de que o Homem é superior aos demais seres vivos e que, portanto, goza do direito de explorar e tratar os animais como seres inferiores. Há quem nos chame de hippies utópicos porque defendemos e vivemos sob o mote “todos diferentes, todos animais”.

Há quem julgue que perdemos tempo com valores nada prioritários mas, apesar das críticas, nós somos já uma comunidade de milhares de mentes evoluídas neste país e, resilientes, cheios de energia e certezas acerca do que defendemos, lutamos diariamente para restituir a justiça e dar voz a quem não a tem – todos os demais seres vivos.

Desde o Campo Pequeno até à Assembleia da República irei caminhar, no próximo sábado, dia 8 de Abril, na Marcha Animal, promovida pela Associação Animal, pelo término das atrocidades que são ainda, lamentavelmente, cometidas a seres sencientes que tal como nós, humanos, experienciam conscientemente sentimentos.

Irei caminhar pelo fim da exploração animal nas suas diferentes formas: pelo fim das touradas e actividades circenses, do abandono, da adopção irresponsável, do abate e maus-tratos, do uso e abuso de inocentes em experiências da indústria farmacêutica e cosmética, pelo fim do tratamento cruel dos animais na indústria alimentar e agro-pecuária. A favor das campanhas de captura, esterilização e adopção, a favor da criação de mais meios capazes de fiscalizar e prevenir crimes e sensibilizar os mais jovens a tratar os animais com o respeito e dignidade que eles merecem. Irei também caminhar para celebrar a recente efectivação da alteração do estatuto jurídico dos animais, um pequeno passo já dado na direcção de um país e sociedade mais justos, a favor do bem de tudo e todos.

A “big picture” dos dados relativos ao bem-estar animal em Portugal são ainda vergonhosos e reflectem um atraso considerável comparativamente a outros países da Europa. No mês passado, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) divulgou que em 2016 foram registados 767 crimes contra animais, mais uma centena do que no ano transacto. E estes são os crimes registados, imaginam quantos ficaram por registar passando incólumes à Justiça e ao bom-senso?

Estes dados indicam-nos que a nossa relação com os animais tem de facto de ser repensada e um novo comportamento para com eles tem de ser adoptado. Nós não somos superiores, somos iguais. A vida, no seu esplendor e plenitude, vale porque é vida. Porque não deveremos respeitá-la nas suas diferentes formas e feitios? Porquê continuar a alimentar uma realidade ignóbil e cruel? Não faz sentido.

Também não faz sentido ficar em casa à espera que tudo mude. Vem também! Contra a crueldade e injustiça, marchar, marchar! O ponto de encontro é no Campo Pequeno, no próximo sábado, pelas 15 horas. 

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