Escadas rolantes vão ligar Estação de S. Bento à Batalha

Projecto foi anunciado no dia em que foi apresentado o concurso para a concepção de ligações mecânicas entre Miragaia, o Palácio de Cristal e as Virtudes. Até ao final do ano devem estar a funcionar

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Para o ano será possível utilizar escadas rolantes na Rua da Madeira Adriano Miranda

Até ao final do ano, será possível chegar à Praça da Batalha, a partir da zona da Avenida dos Aliados, no Porto, sem ter de vencer a subida acentuada da Rua 31 de Janeiro ou galgar a escadaria da Rua da Madeira. A Câmara do Porto encomendou e tem praticamente pronto um projecto para transformar parte dos degraus desta artéria numa escada rolante, permitindo uma ligação facilitada à zona da Batalha a partir da Estação de S. Bento.

À margem da reunião do executivo desta terça-feira, a vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel, explicou que o concurso para a construção das escadas rolantes será lançado em Abril e que é “perfeitamente” exequível que a obra esteja pronta até ao final do ano. A intervenção fora anunciada, minutos antes, pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, durante a apresentação de um outro concurso, envolvendo outros meios mecanizados, na ligação de Miragaia (na cota baixa) ao Palácio de Cristal e às Virtudes (na cota alta).

O autarca confessou que a ideia de instalar escadas rolantes na Rua da Madeira, aproveitando a escadaria lá existente, surgiu depois de uma visita a Terragona, em Espanha, onde encontrou uma solução idêntica. Com vários hotéis instalados na Praça da Batalha e o fluxo de turistas que diariamente chega à Estação de S. Bento, a escada rolante será uma forma fácil de vencer o desnível carregado com malas. Cristina Pimentel confirmou que está previsto que a escada tenha uma calha que facilita a colocação de bicicletas ou bagagem e o seu transporte até ao topo.

Na reunião desta terça-feira foi apresentado ao executivo o concurso de concepção para novos percursos pedonais mecanizados entre Miragaia, o Palácio de Cristal e as Virtudes. Pronto para ser lançado ainda neste mês de Março e com os resultados previstos para Junho – a que se seguirá um concurso de execução –, o concurso deixa em aberto o tipo de soluções que poderá ser apresentado pelos concorrentes, bem como os pontos exactos de partida e de chegada dessas novas ligações, estando, contudo, pré-estabelecido que o valor global de investimento é de dois milhões de euros.

Teresa Stanislau, adjunta da vereadora da Mobilidade, explicou que os meios mecanizados se apresentam como “a chave para resolver” três grandes problemas: a dificuldade de locomoção da população envelhecida de Miragaia, a necessidade de responder ao crescimento turístico com novos percursos e ligações da cota alta à marginal e questões de segurança, relacionadas com os percursos existentes, maioritariamente em escadas. Mas, optou-se por não estabelecer limites quanto às soluções ou pontos de ligação, apesar de existirem propostas decorrentes do estudo previamente encomendado pela autarquia sobre o tema à empresa Sítios e Memórias. “Não estamos a dizer aos concorrentes, ponham uma escada rolante no sítio A, um elevador no B ou um funicular ali. Estamos à espera que surjam soluções inovadoras e abrangentes em termos territoriais”, disse.

A prioridade será dada à intervenção que afecte o núcleo de Miragaia, seguindo-se o Palácio de Cristal (com ligação privilegiada à Alfândega) e as Virtudes.

O júri do concurso vai ser composto por arquitectos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, que indicou para esse efeito os arquitectos Rui Mealha (presidente), Nuno Brandão Costa, Pedro Larcão, José Miguel Rodrigues e Marta Pereira Rocha.

O lançamento do concurso foi saudado pelo vereador da CDU, Pedro Carvalho, que pediu que as soluções encontradas privilegiem os moradores e não os turistas. Já o vereador Rui Losa, do movimento de Rui Moreira, alertou para a necessidade de se ter em atenção os impactos visuais, numa zona particularmente sensível do centro histórico. Confessando que prefere “escadas rolantes a funiculares, porque é um meio contínuo, não tem que se estar à espera”, alertou para a necessidade de existirem “paragens intermédias” e defendeu ainda que não se pode deixar de lado a questão da sustentabilidade. “Porque é que os elevadores da Arrábida pararam?”, exemplificou.

E, a esta questão, Rui Moreira e Cristina Pimentel tinham uma resposta para dar. Os dois explicaram que, a intenção de colocar os elevadores de novo em funcionamento, está a ser discutido com a Infraestuturas de Portugal, mas que esta tem colocado o entrave de, no topo da ponte, o elevador terminar numa via rápida. “Há algumas questões para resolver, mas não nos parece de todo que seja impossível”, disse Cristina Pimentel.

A vereadora revelou ainda que a câmara está a colaborar com a Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana para uma solução de mobilidade na zona do Codeçal – outra área que foi contemplada no estudo da Sítios e Memórias. Aí, esclareceu Cristina Pimentel, está em causa um projecto “mais de requalificação”, ainda que implique também a instalação “de um elevador entre os Guindais e a cota intermédia do Seminário de Ferro”. O resto do trajecto deverá ser feito com recurso a rampas e a recuperação de uma vereda entre a Avenida da Ponte e a Escada das Verdades que está actualmente desactivada.

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