Serviço Social, uma questão de superpoderes

Temos de colocar de lado a ideia de que os assistentes sociais são "pessoas com bom coração que ajudam os que mais precisam" ou que são "aqueles que retiram as crianças aos pais"

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Por estes dias, para além do início da Primavera, do Dia da Poesia ou do Dia da Água, comemorou-se também o Dia do Serviço Social.

Arrisco-me a afirmar que a profissão de assistente social tem sido das mais subestimadas e desrespeitadas nos últimos tempos. Não sei se dada a conjuntura que o país atravessou, ou atravessa, se pelo facto de não conseguirmos comunicar bem a nossa função, a verdade é que temos de colocar de lado a ideia de que os assistentes sociais são "pessoas com bom coração que ajudam os que mais precisam" ou que são "aqueles que retiram as crianças aos pais". 

Começo por dizer que os assistentes sociais são profissionais qualificados que frequentaram programas devidamente credenciados e fundamentados, sendo que a sua formação se diferencia da de um psicólogo ou de um sociólogo. A verdade é que, actualmente, muitos psicólogos ou sociológos ocupam funções de um assistente social!

A missão do Serviço Social passa por promover e apoiar o bem-estar individual e comunitário fazendo valer os Direitos Humanos na sociedade, são eles o nosso grande foco de actuação. Ora, esta missão envolve um trabalho que não se extingue na pessoa enquanto ser individual, mas também na sua ligação com a família, com um bairro ou com uma comunidade, lutando, muitas vezes, contra estereótipos e ideias pré-concebidas e condicionados por questões formais e economicistas.

Qual o teu superpoder?

Gosto de entender o Serviço Social como uma questão de superpoderes, isto é, procuramos nas pessoas, nas famílias, nos bairros os seus "superpoderes", acreditamos em pontos fortes e ajudamos as pessoas a encontrarem os seus próprios para que possam encarar os desafios que estão a enfrentar. É por isso que acredito que todos precisarão de um assistente social em algum momento porque todos enfrentaremos desafios em algum momento da nossa vida, seja numa escola, quando o nosso filho é vítima de bullying, seja num hospital, quando nos deparamos com uma conta caríssima para um tratamento, ou numa empresa, quando, de um momento para o outro, ficamos desempregados. 

Acredito assim que, quanto mais valor se der a esta profissão, maior o grau de desenvolvimento que um país pode alcançar, pela forma como olha e encara os seus problemas, numa perspectiva de "empoderamento", ultrapassando a ideia de caridade, tantas vezes colada ao Serviço Social. 

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