O futuro do trabalho é o futuro da Escola?

É fundamental que a Escola prepare os alunos para o inesperado, para problemas que, até agora, nunca surgiram e, inclusive, para profissões que desconhecemos

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Alice Achterhof/Unsplash

Um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que esteve em foco no debate "Fronteiras XXI: Qual o Futuro do Trabalho?", emitido na semana passada pela RTP, apresenta um ranking das competências que se procurarão no trabalhador do ano 2020. Entre as três primeiras estão o "resolver problemas complexos", o "ter pensamento crítico" e o "ser criativo".

Mas será que o futuro do trabalho é também o futuro da Escola?

Considerando a Escola a principal formadora dos jovens que ocuparão estes trabalhos no futuro, importa que esta disponibilize aos alunos ferramentas para que possam desenvolver competências que sejam uma mais valia no futuro e com a capacidade certa para dar resposta a problemas complexos ou a situações imprevistas.

Acontece que a evolução das sociedades tem-nos mostrado que o futuro é, hoje, mais que um exacerbar das situações do presente, um plano inesperado e cheio de imprevistos, em que a rutura se processa de forma muito mais rápida que antes. Por exemplo, a evolução tecnólgica alterou a forma como vivemos em poucos anos, quem podia prever, há 15 anos, o impacto que a Internet ou os smartphones teriam nas nossas vidas?

O que este estudo nos indica é que, mais que tentarmos prever o futuro e as necessidades que dele advirão, é fundamental que a Escola prepare os alunos para o inesperado, para problemas que, até agora, nunca surgiram e, inclusive, para profissões que desconhecemos.

Parece óbvio? Talvez, mas se olharmos para o actual sistem de ensino, o que se verifica é que este está muito orientado para a exposição e consequente memorização de conteúdos, e o próprio sistema de avaliação é reflexo disso, situação que em nada ajuda no pensamento crítico e criativo.

Parece-me assim que o documento que estabelece o Perfil do Aluno do Séxulo XXI, apresentado pelo Ministério da Educação, vai de encontro a essa necessidade maior de se estabelecerem competências-chave que possam dotar os alunos para o inesperado, dando-lhes mais autonomia e responsabilidade, bem como um maior incentivo ao pensamento crítico e pensamento criativo e ao relacionamento interpessoal, tão importante nos dias que vivemos.

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