Adeus, Andante; olá, smartphone

Ao Andante Mobile, que vai entrar em testes, junta-se uma nova solução, mais simples, para substituir cartões ocasionais

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Ingolf/Flickr

A empresa Transportes Intermodais do Porto, que gere o sistema Andante, está a desenvolver não uma, mas duas aplicações para telemóveis que acabam com a necessidade de comprar cartões de transporte. Para além do já conhecido Andante Mobile, que vai entrar numa fase de teste-piloto já em Abril, a empresa pediu à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto que desenvolva uma solução mais simples para os viajantes ocasionais, que permitirá comprar viagens online e inclui uma forma de validação que envolve apenas a aproximação do telemóvel às máquinas validadoras nas estações.

Este segundo projecto de “desmaterialização” dos títulos de transporte foi revelado esta semana ao PÚBLICO pelo presidente da Metro do Porto, Jorge Moreno Delgado, numa entrevista que será publicada na próxima segunda-feira. O administrador, que preside também ao TIP, explicou que esta iniciativa é uma parceria com uma empresa de transporte público da Madeira, a Horários do Funchal, que divide os custos de desenvolvimento da solução, orçados em 200 mil euros.

Tecnologicamente, este projecto implica uma alteração no software dos validores existentes na rede Andante, de modo a que estes passem a reconhecer um sinal emitido pelos telemóveis. Segundo a empresa, a solução estará disponível no final do ano mas apenas poderá ser utlizada pelos clientes que disponham de um smartphone com sistema operativo Android, que equipa a maior fatia dos telemóveis do mercado. De fora, por questões “tecnológicas”, ficam, por isso, os utilizadores de dispositivos da Apple.

O desenvolvimento deste projecto corre em paralelo com um outro, o já anunciado Andante Mobile, que entra numa fase piloto de testes já em Abril. E enquanto a parceria com a empresa Horários do Funchal visa diminuir o uso de cartões ocasionais, num sistema pré-pago, como actualmente, o Andante Mobile tem uma filosofia mais próxima do sistema Via Verde, em que o telemóvel passa a ser um validador à entrada e à saída dos veículos de transporte público, com a conta a ser enviada posteriormente para o cliente numa base mensal.

Esta quinta-feira, o Andante Mobile foi já demonstrado a algumas empresas e instituições parceiras do TIP, cujos representantes o puderam experimentar num autocarro já instalado com o dispositivo de detecção. À entrada, cada cliente recebe uma notificação questionando se quer iniciar uma viagem (para despistar pessoas que estejam simplesmente a passar junto à estação ou paragem de autocarro) e à saída é-lhe indicado um preço provisório. Aquando do lançamento do projecto foi explicado que no final do mês é aplicado ao cliente o tarifário mais favorável, eliminando a necessidade de renovação de assinaturas, por exemplo.

O Andante Mobile implica a instalação, em comboios, veículos de metro e autocarros de toda a rede Andante de dispositivos (os chamados beacom) que comunicam com os telemóveis via Bluetooth. Segundo Jorge Moreno Delgado, os testes feitos até agora trouxeram uma boa surpresa, pois a tecnologia que vai ser usada para realizar esta interacção com segurança e fiabilidade é menos dispendiosa do que aquela que, num primeiro momento, se julgou necessária. Depois da análise dos resultados, em Setembro, a TIP vai passar para a fase de aquisição destes dispositivos e, admitia o administrador, o valor talvez nem implique o lançamento de um concurso público para os comprar.

Esta quinta-feira a Metro do Porto anunciou que a obra de construção da nova estação de Modivas Norte da Linha Vermelha (B) vai afinal ser executada pela empresa Expoentinédito. A construtora tinha ficado em segundo lugar no concurso público mas, como tem acontecido noutras empreitadas ganhas pela Soares da Costa, a histórica firma do sector, que está sob um plano de viabilização, não conseguiu entregar os documentos de habilitação exigidos para a assinatura do contrato.

Na entrevista ao PÚBLICO, Jorge Moreno Delgado admitiu que esta vicissitude atrasou um pouco o início previsto da obra que, face a isto, arrancará, no terreno, “a curto prazo”. A empreitada tem um valor contratado de cerca de 450 mil euros e uma duração prevista de quatro meses, prevendo-se que a estação possa abrir ainda no Verão. 

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