Açores: hotel abandonado Monte Palace recebe visita guiada para “despertar consciências”

Abandonado há anos, o hotel Monte Palace recebe esta quinta-feira à tarde uma visita guiada. Promotor espera que iniciativa possa possa "ser um empurrão para se chegar a uma solução"

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Rui Barbosa Batista

O hotel Monte Palace, espaço abandonado há anos em São Miguel, nos Açores, acolhe na quinta-feira uma visita para dar a conhecer a sua história e despertar consciências, assinalando os 40 anos da empresa que mandou construir o edifício.

"Tudo o que eu quero é zelar pela história do espaço, contribuir para o conhecimento geral e tentar, ainda que num pequeno passo, arranjar uma espécie de caminho mais curto para uma solução futura", afirmou à agência Lusa Jorge Loures, promotor da iniciativa, acrescentando que "fazer crescer a consciência pode ser um empurrão para se chegar a uma solução".

O Monte Palace, o primeiro hotel de cinco estrelas do arquipélago, foi inaugurado em 1989 na ilha de São Miguel e chegou a dar trabalho a mais de cem pessoas. Acabou por fechar pouco tempo depois. Até 2010, o espaço teve segurança em permanência, mas depois ficou ao abandono, foi vandalizado e apresenta-se degradado. A unidade hoteleira, de cinco pisos, com vista para a Lagoa das Sete Cidades, tinha dois restaurantes, três salas para conferências, uma discoteca, uma loja e centena e meia de quartos. É actualmente propriedade do banco Santander Totta.

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MarkusKolletzky/Flickr

O promotor da visita adiantou que o hotel foi mandado construir pela Indústria Açoriana Turística Hoteleira (IATH), uma sociedade registada na Conservatória do Registo Comercial de Vila Franca do Campo em Janeiro de 1977. "Cerca de dois terços do capital eram estrangeiros [belgas e franceses]. Estamos a falar de uma empresa que nos anos 70 tinha um capital de cerca de 300 mil contos [1,5 milhões de euros]", referiu o estudante universitário, de Ponta Delgada, que se tem dedicado ao estudo da evolução deste espaço.

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Vista a partir do hotel para a Lagoa das Sete Cidades PÚBLICO

Segundo Jorge Loures, da pesquisa que efectuou a jornais da época, entrevistas a antigos funcionários e fotografias antigas, o projecto inicial do hotel não esteve previsto para as imediações da Vista do Rei, assim designada por ali ter estado, em 1901, o rei D. Carlos. A localização do espaço foi projectada "na península junto às lagoas", o que "foi negado", e, após um ano para realização de estudos, ficou definido em 1978 construir o hotel onde hoje permanece, explicou o jovem de 21 anos.

A unidade tem servido de miradouro, mas também de cenário para filmes e intervenções artísticas, como aconteceu no último festival Walk & Talk. A visita está agendada para quinta-feira, das 15h às 16h locais (mais uma hora em Lisboa). Em 2015, um grupo de investidores europeus e árabes reuniu-se com o presidente do Governo dos Açores para anunciar que estava a desenvolver dois projectos turísticos na ilha de São Miguel, que incluíam o antigo hotel Monte Palace e uma área onde funcionou uma fábrica da baleia, mas até hoje nenhum dos dois se concretizou. Neste mesmo ano, um grupo de cidadãos lançou uma petição pública a pedir que o edifício do antigo hotel fosse adquirido pelo executivo regional para reconversão do local em área pública de lazer, porque o imóvel apareceu à venda por pouco mais de 380 mil euros em várias páginas da Internet ligadas ao imobiliário.

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