Mitos sobre a esterilização animal

A esterilização em animais de companhia é um procedimento essencial que, para além da acção contraceptiva e da eliminação permanente do comportamento de cio, também terá uma influência na prevenção de alguns problemas de saúde relacionados com o aparelho reprodutor. Mas ainda há muitos mitos associados a esta opção

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A esterilização em animais de companhia é um procedimento essencial que, para além da acção contraceptiva e da eliminação permanente do comportamento de cio, também terá uma influência na prevenção de alguns problemas de saúde relacionados com o aparelho reprodutor, ao contrário dos contraceptivos orais ou injectáveis que existem disponíveis. Esterilizar fêmeas, especialmente jovens (antes do primeiro cio) reduz consideravelmente a incidência de tumores de mama e evita definitivamente patologias uterinas e ováricas. A castração de machos pode atenuar alguns comportamentos de agressividade, evita doenças testiculares e reduz o risco de problemas na próstata. Está comprovado que os animais esterilizados têm uma esperança de vida superior aos não esterilizados, pelos benefícios directos em termos de saúde e pela tendência para permanecerem em segurança no interior de casa.

Quando falamos de esterilização em animais de companhia, referimo-nos geralmente à orquiectomia em machos e à ovariohisterectomia em fêmeas. Castração é um termo mais específico, que se refere apenas à remoção dos ovários ou dos testículos. Seria possível, teoricamente, esterilizar um animal sem proceder à sua castração (vasectomia em machos, histerectomia simples em fêmeas) mas essa opção não permitiria beneficiar da diminuição da estimulação hormonal, mantendo-se todo o comportamento típico de animal não castrado.

Passemos então a esclarecer os mais frequentes mitos sobre esterilização:

1 – “Só devemos esterilizar as fêmeas depois de terem pelo menos uma ninhada”

Falso. Não existe nenhuma prova científica de que este mito tenha algum fundamento. Pelo contrário, em termos de saúde uma gestação não traz nenhum benefício objectivo, sendo em muitas raças um factor de risco para a mãe.

2 – “Esterilizar torna o animal menos activo. Retira-lhe vontade de brincar/interagir com outros animais ou pessoas”

Falso. Este mito tem uma base empírica, principalmente por observação do comportamento dos gatos machos após esterilização. É natural que, após a esterilização, um gato tenha tendência para diminuir a actividade física nocturna, para tentar saltar da varanda ou fugir pela porta de casa, mas sabemos também que um animal que esteja habituado à interacção com pessoas dentro de casa, e a passeios regulares fora de casa, mantém exactamente os hábitos anteriores. A diferença (principalmente notada em gatos) é que se não for estimulado para actividade física poderá manter-se inactivo ou dormir durante um período de tempo superior ao que fazia anteriormente.

3 – “Esterilizar as fêmeas precocemente pode provocar problemas como incontinência urinária”

Falso. A incontinência urinária é um problema infrequente em cadelas e igualmente raro em gatas. Alguns estudos sugeriram a existência de associação com ovariohisterectomia muito precoce (antes dos três meses), mas estudos mais recentes tiveram resultados inconsistentes e neste momento não há base científica para afirmar que esta predisposição existe.

4 – “Esterilizar torna o animal obeso”

Depois da esterilização há uma diminuição do gasto de energia por parte do animal, o que implica que a alimentação tenha que ser adaptada. É necessário, após a cirurgia, que o animal seja pesado regularmente e que a alimentação seja ajustada. Este ajuste poderá ser feito diminuindo a quantidade de alimento (menos aconselhado) ou trocando a alimentação para ração comercial para animal esterilizado (menos calórica). O risco de obesidade após esterilização pode e deve ser prevenido através da utilização de um regime alimentar adequado às novas necessidades energéticas.

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