Arroios Film Festival traz o mundo para a freguesia

Festival de cinema promove a importância da inclusão e da não discriminação numa das freguesias mais multiculturais de Lisboa. Actor iraniano Reza Kianian é o presidente do júri

Arroios é das freguesias mais multiculturais de Lisboa, o que dá o mote à primeira edição do Arroios Film Festival, que traz o mundo para a freguesia e mostra que há lugar para a diferença na igualdade.

A presidente da Junta de Freguesia de Arroios explicou à Lusa que esta é uma zona da cidade de Lisboa que "quer ser diferente porque já é diferente", apontando que "é uma freguesia de inclusão" e dando como o exemplo o facto de haver escolas com crianças de 29 nacionalidades diferentes. "As imagens que vemos hoje em dia são tão degradantes e nós vivemos aqui com todas as religiões, hindus, muçulmanos e nunca tivemos problemas com ninguém", defendeu a autarca, sublinhando a importância da inclusão e da não discriminação: "O mundo é um todo".

De acordo com Margarida Martins, é também uma freguesia com um movimento artístico muito forte e com muita gente ligada à cultura, e tudo junto fez com que fosse crescendo a vontade de avançar com um festival de cinema focado no tema da inclusão e que, inclusivamente, tivesse um júri multicultural. O presidente do júri é o actor iraniano Reza Kianian, em Portugal pela primeira vez, mas que antes mesmo do convite da organização do festival tinha nos planos visitar o país com a família. Aceitou ser o presidente do júri deste festival porque habitualmente é um activista pela causa ambientalista, mas também pela convivência inter-religiosa e contra a violência e entendeu que o propósito do festival ia ao encontro dos seus ideais.

À Lusa explicou que habitualmente recusa fazer parte de júris de concursos porque não gosta da sensação de poder estar a prejudicar alguém quando tem de escolher um vencedor. "Como presidente do júri posso indicar o melhor caminho para os membros do júri. Eu não vou ter a decisão final, só vou dar o caminho", defendeu Kianian, acrescentando que os critérios de avaliação terão sobretudo a ver com o tema e com as características técnicas. Admitiu, por outro lado, que não conhece o cinema português, mas disse ter a vontade de que a sua presença em Portugal possa servir não só para colmatar essa falha, mas também para criar pontes para trabalhos futuros.

Sendo esta a primeira edição do festival, Reza Kianian admite que algumas coisas possam não correr tão bem, mas defendeu que o tema da inclusão é muito importante e que, por isso, acredita que "em poucos anos vai ter uma divulgação muito forte". Para a presidente da Junta, o objectivo é claro e Margarida Martins admite que quer deixar uma marca: "A marca de uma Arroios desejada, de uma Arroios mais bem tratada, em que as pessoas deixam de ter medo de andar aqui".

O festival arranca esta sexta-feira e decorre até ao dia 8 de Julho, com sessões no Auditório Camões e no Mercado de Culturas. A organização recebeu 3.200 filmes de 120 países, de onde saíram 96 filmes. A mostra competitiva conta com 54 curtas-metragens internacionais, que serão exibidas no Auditório Camões, enquanto as 42 não competitivas serão visionadas no Mercado de Culturas. No último dia do festival serão entregues quatro prémios: o Arroios Film Festival Special Award, no valor de 3.000 euros, o Best Fiction, o Best Documentary e o Best Animation, no valor de 1.500 euros cada. 

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