APAMG - Associação Protectora de Animais da Marinha Grande

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda de animais que o mundo deve conhecer. Com doze anos de existência, a APAMG apresenta a sua história

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Em 2015, os números foram estes: 120 cães e 100 gatos a seu cargo; mais de 17 mil euros de despesas no veterinário; quase 25.000 quilos de ração; 167 cães e 170 gatos adoptados. Não é por acaso que um dos motes da Associação Protectora dos Animais da Marinha Grande (APAMG) é este: “Juntos somos melhores”. Outro é “A fazer bem sem olhar a quem!”.

Criada em 2004 por um “grupo de pessoas que gosta, respeita e ajuda os animais, lutando diariamente pelo sem bem-estar”, a APAMG tem como missão prestar ajuda a qualquer animal carenciado da região. Entre outras coisas, colaboram no Canil Municipal, onde Cláudio Vicente retratou os “olhos tristes" dos cães que esperam adopção, recolhem animais da rua e canalizam-nos para Famílias de Acolhimento Temporário e tratam de animais abandonados, promovendo a sua adopção. Não contam com qualquer apoio estatal, sobrevivendo à base de donativos e quotas dos sócios. O Inquérito de Estimação dá voz a Magda Freitas, da direcção.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais
Fim do abate dos animais nos canis municipais, com a criação de parcerias entre municípios e associações. Criação de apoios monetários às mesmas com apoio à esterilização em massa de animais de rua. Campanhas de esterilização por parte de veterinários municipais a baixo custo. Aplicação por parte das entidades competentes da nova lei do abandono de animais, com aplicação de coimas e prisão para quem maltrata. Criação de espaços de alimentação para animais de rua.

Um caso marcante
Deparamo-nos diariamente com casos chocantes — quando achamos que já vimos de tudo, acontece outra situação pior que a anterior. Alguns exemplos: Um casal idoso foi levado pela família para um lar e deixaram dois cães presos a uma corrente. Infelizmente, quando soubemos da situação já era tarde e, quando chegámos, os cães já estavam mortos, morreram à fome... Eram literalmente esqueletos com coleiras. Um cenário horrível. Outro exemplo: Uma rapariga morava num apartamento com 11 gatos, deixou de pagar a renda e fugiu. Deixou os gatos fechados no apartamento. Mais tarde os vizinhos contactaram-nos porque estava um cheiro nauseabundo no prédio. Infelizmente quando chegámos já tinham morrido todos, inclusivamente os que morreram primeiro foram comidos pelos últimos, mais uma vez uma situação que nos marcou imenso. Recentemente fomos contactadas pelos bombeiros porque receberam um pedido de ajuda para um animal que estava no meio do pinhal, dentro de um saco atado com um cordel, dentro de uma vala. Quando chegámos, retirámos imediatamente a cadela, estava em pânico, com medo da própria sombra, atirou-se à comida de uma maneira inexplicável. Felizmente terminou bem, mas não fazemos ideia há quanto tempo estaria lá naquelas condições. Neste momento está feliz e segura numa família de acolhimento temporário à espera de uma família definitiva. Temos muitas mais histórias para contar...

Um conselho para quem quer adoptar um animal
A adopção de um animal é uma responsabilidade para a vida, por isso, se não tiverem tempo nem condições financeiras mínimas para lhes dedicarem, não adoptem. Adoptem com consciência, os animais não são objectos, não são descartáveis, sentem fome, frio e medo...

Um projecto que tem que ser conhecido
A colaboração entre associações é muito importante. Surgiu recentemente uma associação na Nazaré, a GRUVA, que, tal como nós, tem imensas dificuldades mas nunca desiste. Também há um projecto da Apamg que tem que ser conhecido. Há cerca de quatro anos que fazemos o acompanhamento dos animais de uma comunidade de etnia cigana. Iniciámos este percurso porque houve um surto de sarna que afectou todos os animais e era necessário o acompanhamento veterinário dos mesmos. Nessa altura tivemos de retirar alguns e os outros foram tratados no local. Desde então que semanalmente um grupo de voluntárias se desloca ao “acampamento” para alimentar, fazer abrigos e acompanhar os animais. Grande parte das fêmeas estão esterilizadas, dessa forma temos conseguido controlar a natalidade, sem qualquer ajuda de nenhuma entidade. Neste momento são cerca de 50 cães e 10 gatos que precisam bastante de nós. É um projecto do qual nos orgulhamos bastante, não é fácil, dá imenso trabalho e preocupações, mas vamos vendo resultados: até mesmo a mentalidade das pessoas dessa etnia em relação aos animais vai evoluindo.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer
Todos os voluntários têm o seu valor, muitas vezes deixam as suas famílias, amigos, etc., para socorrer um animal sem nunca olhar para trás. Não conseguimos “escolher” apenas um. Quanto às famílias de acolhimento agradecemos do fundo do coração todas as ajudas que nos prestam em guardar os nossos animais e tratá-los com todo o carinho como se fossem efectivamente seus.

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