Os quatro “mitos urbanos” que mais ouvimos sobre cães e gatos

Os ossos fazem bem aos cães? Posso dar um paracetamol ao meu gato? Chegou a hora de acabar com todas estas dúvidas

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Tom Leuntjens Photography/Flickr

No contacto com os tutores de cães e gatos são nos colocadas muitas dúvidas, mas a frequência com que ouvimos algumas faz com que as consideremos verdadeiros "mitos urbanos". Na recepção ou a meio de uma consulta, aparecem sempre um monte de afirmações que, invariavelmente, começam por "disseram-me que..." ou "li na internet que...". Chegou a hora de acabar com as tuas dúvidas e com estes mitos, de uma vez por todas!

1. "Disseram-me que... os ossos fazem bem aos cães"

Errado. Se os ossos fossem bons, provavelmente não os deixaríamos no prato no final das refeições. Então porque não aproveitamos nós esse grande petisco?! Porque a ingestão de ossos não faz bem a ninguém e representa um enorme perigo para os nosso animais! Os ossos desgastam os dentes, podem parti-los, podem ficar espetados na boca, podem obstruir as vias respiratórias, podem ficar na faringe ou em qualquer outro local do tubo digestivo, provocando obstruções e/ou perfurações e, mesmo quando temos a sorte de eles chegarem ao final da sua "viagem", podem ainda causar dificuldades a defecar. Por causa dos ossos, somos muitas vezes obrigados a operar cães ou gatos e, às vezes, são cirurgias que envolvem sério risco de vida para o animal. Por isso, não, os ossos, definitivamente, não fazem bem aos nossos animais.

2. " Li na internet que... as cadelas têm que ter uma ninhada para serem mais saudáveis"

Não! As cadelas não têm de ter uma ninhada para serem mais saudáveis ou para poderem ser esterilizadas. Não há nenhum estudo que sugira que uma cadela ou gata será mais saudável por ter tido uma ninhada... Bem pelo contrário, existem vários estudos, e com benefícios comprovados, que recomendam a esterilização antes ou próximo do primeiro cio (que normalmente acontece por volta dos seis meses). A esterilização sim, fará delas fêmeas mais saudáveis. Além de ser uma forma de controlar a reprodução e o número de animais errantes, reduz a probabilidade do desenvolvimento de tumores de mama, elimina totalmente a possibilidade de aparecimento de problemas de saúde relacionados com ovários e útero (muito frequentes em cadelas mais idosas ou que tomam contraceptivos), acaba com o cio e elimina o risco de doenças sexualmente transmissíveis.

3. "Disseram-me que... se posso dar o medicamento a um bebé também posso dar ao meu animal"

Não! Por favor, NÃO! Este é um dos erros mais comuns cometido pelos donos, a maior parte das vezes cheios de boas intenções. A intoxicação por paracetamol em gatos é o resultado mais frequente porque toda a gente tem paracetamol lá um casa e acha sempre que, se não faz mal às crianças, não vai fazer mal ao gato. Mas acha muito mal... Um simples comprimido de paracetamol 500 mg pode matar um gato adulto. O paracetamol é proibido em gatos e só pode ser dado em doses muito baixinhas a cães. Outros exemplos de princípios activos tóxicos para cães e gatos são o ibuprofeno ou o diclofenac, também muito vulgares em casa de quase toda a gente, entre muitos outros... Existem sim alguns medicamentos de medicina humana que podem ser administrados ao nossos animais, mas numa dose ajustada ao seu peso. Nalguns casos essa dose é muito mais reduzida que para os humanos, noutros muito maior. Sempre que tiveres dúvidas sobre se podes, ou não, dar algum dos medicamentos que tens em casa ao teu animal, evita complicações: fala com o teu médico ou enfermeiro veterinário.

4 - "Disseram-me que... tenho que desparasitar o meu animal uma vez por ano, quando nos desparasitamos todos lá em casa!"

Não... Nós não temos que nos desparasitar tantas vezes como os nossos animais, nem eles tão poucas vezes como nós. Como deve ser fácil de imaginar, eles estão expostos a muito mais parasitas que nós, por isso têm que ser desparasitados mais vezes e com produtos adequados. Então, o recomendável é que a desparasitação interna dos animais seja feita de três em três meses e com produtos especificamente criados para esse efeito, ou seja, produtos de veterinária que apresentam doses ajustadas ao peso dos nossos animais e que têm um maior espectro de acção que os de medicina humana, abrangendo assim um maior número de parasitas a que eles estão sujeitos e nós não.

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