Videovigilância do Cais do Sodré às Docas começa em 2019

Governo e autarquia definiram três zonas onde a segurança nocturna vai ser reforçada. As roulotes com bebidas alcóolicas vão ser proibidas.

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A famosa "rua cor-de-rosa", no Cais do Sodré, é uma das abrangidas pelas medidas especiais de segurança Nuno Ferreira Santos

Vai haver videovigilância entre o Cais do Sodré e as Docas a partir do próximo ano. A câmara de Lisboa e o Ministério da Administração Interna (MAI) querem melhorar a segurança nocturna da cidade e decidiram adoptar medidas específicas para três zonas sensíveis: o Bairro Alto, o Cais do Sodré e toda a faixa ribeirinha entre o Cais do Sodré e Alcântara. A instalação de câmaras de vídeo é um pilar desta estratégia.

“O que queremos é que, em 2019, todas estas áreas estejam cobertas com videovigilância”, disse Fernando Medina, esta sexta-feira, na apresentação do pacote Noite + Segura Lisboa, negociado nos últimos meses entre a autarquia e o MAI. Como já existem câmaras de videovigilância no Bairro Alto, a intenção agora é instalá-las nas outras duas zonas com mais concentração de bares, discotecas e, consequentemente, pessoas.

A área do Cais do Sodré delimitada pelo Governo e a câmara vai desde o Largo do Corpo Santo até à Praça Dom Luís, abrangendo a muito movimentada Rua Nova do Carvalho (apelidada “rua cor-de-rosa”), a Rua de São Paulo e o largo homónimo, bem como a zona envolvente ao Mercado da Ribeira e a Praça Duque da Terceira. Já a zona ribeirinha começa atrás da estação de comboios, prolonga-se pela Rua de Cintura do Porto de Lisboa, onde estão algumas das maiores discotecas da cidade, abrange o Cais da Rocha, Alcântara e, por fim, as Docas.

Além da videovigilância, estão previstas ainda mais medidas para estas três zonas. Cada uma delas terá um plano de contingência para responder a emergências e vão ser definidas áreas para os meios de socorro estarem em pré-alerta. A câmara vai ainda fazer uma “verificação das condições do espaço público”, com vista à “redução dos elementos potenciadores de risco”, como pedras soltas ou candeeiros apagados, disse Fernando Medina.

O pacote de iniciativas prevê igualmente que sejam proibidas as roulotes com bebidas alcoólicas dentro das três zonas. Por fim, a PSP e a Polícia Municipal vão passar a fazer patrulhamento conjunto.

Este “é um bom exemplo de cooperação entre vários níveis de decisores públicos”, afirmou na apresentação o ministro da Administração Interna. Eduardo Cabrita explicou que a negociação feita em Lisboa tem-se estendido a outros locais do país e que, em breve, haverá novidades sobre isso. “Em estreita articulação com as forças de segurança e com as autarquias de Lisboa, do Porto e de Albufeira foi possível fazer um trabalho profundo que identifica medidas como as que foram aqui hoje apresentadas”, disse.

Para o governante “a segurança não é estritamente uma questão técnico-policial”, tendo impacto na “qualidade de vida nos cidadãos”. Além disso, frisou, “é decisivo para a economia”. “Ninguém investe num país que transmita uma imagem de insegurança.” Antes, já Fernando Medina argumentara no mesmo sentido. “Um destino só é um destino confiável quando é um destino seguro. Não tem preço a segurança, mas tem um enorme valor económico”, defendeu.

O programa Noite + Segura surge na sequência de vários episódios violentos na noite lisboeta, como os ocorridos em Novembro à porta da discoteca Urban Beach e em Dezembro junto ao estabelecimento Barrio Latino, entre outros. “São casos que naturalmente acontecerão sempre. Haverá sempre casos que gostaríamos que não acontecessem”, admitiu Fernando Medina, mostrando-se ainda assim confiante na “eficácia” das medidas apresentadas. “Para nós, esta acção tem um valor incalculável. Para os cidadãos e para o futuro da economia da cidade”, disse.

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