O animal de Ana Barros: Miüda

Conhecê-los é também conhecer a relação que têm com os seus animais. Ana Barros, "instagrammer" seguida por mais de 363.000 pessoas, tem uma buldogue francesa há quatro anos. Em Viena, a Miüda acompanha os donos para todo o lado e até anima o local de trabalho

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"Há muitos anos que tenho cães. Quando um desaparece arranjo outro para curar a alma. É um bocadinho cliché, mas o amor que eles têm por nós é incondicional. Uma vez que o sentes já não consegues viver sem ele. É sempre o teu maior fã.

Tanto eu como o meu namorado, o Gui, tínhamos cães que tivemos de deixar em Portugal e já estávamos em Viena há dois anos quando percebemos que nos faltava qualquer coisa. Pesquisamos imenso sobre que tipo de raça é que íamos adoptar, por causa do nosso estilo de vida, e concluímos que o buldogue francês era ideal. Foi assim que a Miüda apareceu, há quatro anos.

Ela passa o dia todo connosco, nunca está sozinha. Aqui em Viena, os cães podem ir para todo o lado e nós dividimos: uns dias com o Gui e outros dias comigo. A Miüda é super social, adora estar rodeada de pessoas e conhece mais gente do que nós porque está sempre em meios diferentes. Eu acho que tem mau feitio mas é por ser muito mimada. Faz sempre o que quer, não o que eu quero.

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Ana Barros e a Miüda, uma buldogue francesa com quatro anos DR

Como acontece com todos os donos de cães, no primeiro ano, o meu telefone estava cheio de fotografias da Miüda. Não sabia o que fazer com as fotografias: ia partilhando no Facebook e com os meus pais mas decidi, no dia em que ela fez um ano, começar a conta do Instagram. Nunca pensei que fosse ser um sucesso tão grande. Sei que o buldogue francês está na moda mas é incrível, as pessoas adoram-na. Mais do que os seguidores no Instagram, é a influência que teve noutros donos para adoptarem cães que me impressiona.

As pessoas têm que estar muito bem preparadas antes de adoptarem um buldogue francês. São cães extremamente alérgicos e têm que ter uma alimentação muito cuidada, bastante cara. A Miüda tem tudo do bom e do melhor, come bastante melhor do que nós. Temos que ter imenso cuidado para que as pessoas não lhe dêem comida porque ela não pode comer nada de origem animal.

Não consigo entender porque é que em Portugal os cães não podem entrar em cafés ou restaurantes. Se a vacinação é obrigatória, não há nada que impeça os cães de poderem acompanhar os donos. Não sei se teria a Miüda em Portugal porque não iria deixá-la sozinha em casa durante oito horas. Nós adoptámo-la em Viena porque sabíamos que ela podia vir connosco para todo o lado, especialmente para o trabalho. No meu escritório, a Miüda alterou o ambiente de trabalho. Fazia a minha chefe rir e tornou-se numa mascote. Em vez de irem fumar um cigarro, as pessoas passaram a fazer umas festinhas.

O meu primeiro cão chamava-se Cusco, era um caniche meio rafeiro, e foi aquele presente dos pais para tornar os filhos mais responsáveis. Só o tive durante quatro anos porque, infelizmente, foi atropelado. Chorei durante dias até que a minha professora de Geometria Descritiva me deu um labrador de quatro meses. E eu parei de chorar. A Salsa foi o meu cão durante 14 anos e a minha melhor amiga. Percebia tudo o que eu dizia, bem comportada, ia para todo o lado comigo, acompanhou os meus anos de adolescente. Quando me mudei para Viena, já era muito velhinha e não consegui trazê-la. No dia em que soubemos que ela precisava de ir embora, apanhei um avião para Lisboa para me despedir. Fomos as duas para a praia, vim para Viena e nunca mais a vi. Gastou os últimos momentos de vida comigo, estava mesmo à minha espera.

As pessoas têm muitas vezes dúvidas se os animais se adaptariam às suas vidas. Mas, no fundo, nós é que nos adaptamos à vida deles. Não sei se todas as pessoas têm carácter para ter esta paixão por um bicho, mas as que têm não deveriam perder tempo e adoptar."

Depoimento construído a partir de uma entrevista.  

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