La Fragatina, a editora de livros sem idade que também publica em português

"O principal critério que temos para escolher uma história é que transmita valores como a amizade, a solidariedade, a igualdade e o respeito pelas pessoas, pelos animais e meio ambiente"

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Entre Saragoça e Barcelona, existe uma editora espanhola — La Fragatina — que se dedica a publicar livros ilustrados sem idade, com valores humanistas, para leitores de todo o mundo. E o catálogo também fala português.

Fundada em Fraga (Huesca), há cinco anos, La Fragatina é uma editora de livros para a infância e juventude que decidiu pensar num catálogo para lá das fronteiras linguísticas de Espanha, publicando em inglês, italiano e português, com autores destas três nacionalidades.

Álvaro Magalhães, Adélia Carvalho, André Letria, João Vaz de Carvalho e Sebastião Peixoto são alguns dos autores portugueses que se encontram em La Fragatina, com obra inédita ou com traduções para castelhano. "Os temas que os nossos livros abordam e transmitem são universais, comuns a toda a humanidade. Por isso não havia razões para limitar a produção ao nosso país", afirmou à agência Lusa o fundador da La Fragatina, Enrique García-Calvo.

A La Fragatina publicou recentemente, por exemplo, "O espelho", novo livro de Adélia Carvalho e Sebastião Peixoto, e "Figura de urso", de Álvaro Magalhães e Cátia Vidinhas, em português, castelhano e italiano. E adquiriu os direitos de publicação de "Estrambólicos", de José Jorge Letria e André Letria, em castelhano, catalão e italiano. "Portugal não é só o nosso país vizinho, é também produtor de álbuns ilustrados de grande qualidade, com magníficos autores e ilustradores, por isso não tivemos dúvidas em fazer também edições em português", disse Enrique García-Calvo.

Em Portugal, a La Fragatina serve ainda de porta de entrada de mais autores e ilustradores do universo hispânico, juntando-se ao trabalho que tem já sido feito pela Kalandraka e pela OQO.

Javier Sobrino, Paloma Valdivia, Mariona Cabassa, Marco Somà e Pep Bruno são alguns dos nomes que se juntam ao catálogo, com livros que fazem uma "sinergia perfeita entre texto e ilustração". "O principal critério que temos para escolher uma história é que transmita valores como a amizade, a solidariedade, a igualdade e o respeito pelas pessoas, pelos animais e meio ambiente, valores que hoje em dia se estão a perder e cuja transmissão para a infância consideramos importante", referiu o editor.

García-Calvo considera que a literatura para a infância e juventude e em particular o livro ilustrado vivem um momento alto, de reinvenção, com a globalização a facilitar a exportação ("é uma oportunidade que não podíamos perder"), daí a decisão de ter a La Fragatina a publicar em simultâneo em várias línguas e em vários mercados.

Sobre os livros que publica, Enrique García-Calvo — ele próprio autor — afirma que são para todos os públicos, dos zero aos cem anos, embora a La Fragatina faça recomendações de idade, mediante a complexidade do texto ou da temática abordada. "Sabemos também que parte do nosso público é adulto. A admiração pelo livro ilustrado está a crescer e cada vez há mais adultos a comprar e a coleccionar para eles próprios. É a prova de que os nosso livros não têm idade", disse.

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