A cultura urbana em Viseu tem um nome: Carmo'81

O espaço — na rua do Carmo, número 81 — é uma galeria de arte, uma loja de coisas em segunda mão, um laboratório de fotografia, uma sala para fazer sessões de cinema e concertos e um pátio. E conta com um festival de cultura urbana até ao dia 30 de Abril

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Fica na rua do Carmo, número 81, no centro histórico de Viseu. Mas isso só explica uma parte do que se passa dentro do Carmo'81, um espaço recheado de cultura. “Temos noção do nosso tamanho. Começámos agora"

O Carmo'81 era um antigo armazém de alfaias agrícolas onde se vendiam e arranjavam motores de rega dos agricultores de Viseu. Acontece que o armazém fechou e uma das cooperativas culturais locais, a Cooperativa Cultural Acrítica, pegou no espaço e fez dele o seu “bebé”.

Carlos Salvador, um dos dez “pais” que abraçaram o projecto, fala com o P3 em nome da cooperativa, que em oito meses reformou o antigo armazém, transformando-o no Carmo’81. Uma galeria de arte, uma loja de coisas em segunda mão, um laboratório de fotografia, uma sala para fazer sessões de cinema e concertos e um pátio. Ao todo são cinco salas.

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“As obras duraram oito meses. Fizemos tudo com as nossas mãos, com a ajuda de alguns amigos apenas. Desde o telhado às paredes, passando pelas instalações interiores. É a nossa sede, o nosso braço armado”, conta Carlos. Aberto ao público desde o Verão do ano passado, estas cinco salas contam com uma programação regular que investe em linguagens urbanas e públicos diversos.

Cada sala tem uma valência cujo layout vai sendo alterado consoante os eventos no calendário. "Na Sala Maior há sessões de cinema e concertos, na outra sala que é uma loja em segunda mão vendem-se cd’s, livros, dvd’s, cartazes de cinema e até alguma roupa, no laboratório-sala de fotografia analógica revelam-se fotografias, na galeria de arte vêem-se obras de arte e, por fim, no pátio pode passar-se um momento agradável sendo que é o único sitio permitido para fumar", explica Carlos.

Carmo’81 é "pet- friendly" e "bike-friendly", ou seja, é possível que os clientes tragam os animais de estimação para o espaço e ainda que quem ande de mão dada com a sua bicicleta a estacione no parque de estacionamento "indoor".

Como a cultura urbana é o gene principal do antigo armazém, a cooperativa concretizou o festival multidisciplinar de cultura urbana. Chamaram-lhe Viseu_Cult.Urb. “Este evento, com a duração de 40 dias, é resultado de um concurso ao qual nós concorremos. A Câmara Municipal de Viseu abre um concurso, todos os anos, para todas as associações e cooperativas que tenham actividade cultural para que possam concorrer com projectos”, explica Carlos. 

"Usámos o nosso fundos próprios"

Apesar de haver uma panóplia de eventos diferentes todos os dias, os donos do espaço optaram por ter alguns “eventos âncora” que se mantivessem ao longo do evento. Bordalo II, por exemplo, deixou as garras no pátio: um lince ibérico de cinco metros de altura, construído com lixo automóvel reciclado. Este já é o ”ex-líbris” do espaço.

Tudo o que investiram está ali. De corpo e alma. “Usámos o nosso próprio dinheiro. Os concursos que existem são mais direccionados para a programação do que para a preparação de um espaço. Por isso, decidimos investir para conseguir uma boa programação, mostrá-la e só depois pedir ajuda exterior. O ideal seria não precisar de dinheiro público. Não é nossa intenção viver dele. O objectivo é que este projecto passe a ser sustentável, a médio/longo prazo”.

“Temos noção do nosso tamanho. Começámos agora. Não somos uma grande associação cultural, com larga experiência. Pretendemos com mais tempo, trabalho e paciência conseguir tocar em vários nichos de público e, consequentemente, criar rotinas para que seja possível congregar um público. A única forma de ter o público é ter rotinas com ele”.

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