Voluntariado: uma escola de cidadania

Tenho assistido cada vez mais ao despontar de organizações e iniciativas que promovem a participação dos jovens, por exemplo através do voluntariado e da intervenção social. É o despertar para uma nova consciência social, mais centrada no bem-estar dos outros e na necessidade de preservarmos o meio que habitamos

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Milada Vigerova/Unsplash

À semelhança de tantos outros jovens também eu sou voluntário e membro de movimentos associativos. Acredito que, apesar de algumas vozes contraditórias, assistimos hoje a uma nova geração de jovens que se querem envolver nas várias decisões da sociedade e estão empenhados em construir caminhos alternativos e sustentáveis que conduzam à melhoria do bem-estar social.

Tenho assistido cada vez mais ao despontar de organizações e iniciativas que promovem a participação dos jovens, por exemplo através do voluntariado e da intervenção social. Os jovens que nelas participam são pessoas que, ao tomarem contacto com os vários problemas existentes na sociedade e com várias realidades sociais, se consciencializam e responsabilizam para o papel que cada um tem para procurar formas de intervir face a esses problemas. Este tipo de organizações são verdadeiras escolas de cidadania e de participação cívica, e um autêntico complemento à formação académica, por nos fazerem olhar o mundo de outras perspectivas, para além da componente formativa e do voluntariado nacional e internacional que lhes estão subjacentes. É o despertar para uma nova consciência social, mais centrada no bem-estar dos outros e na necessidade de preservarmos o meio que habitamos. É neste tipo organizações que aprendemos coisas que não se aprendem nos “bancos da escola” ao possibilitarem o contacto com realidades diferentes e, acima de tudo, um abrir de horizontes.

Importa, contudo, que se procure sempre trabalhar em cooperação e com as pessoas, integrando-as no processo de desenvolvimento e de participação.

No ano passado participei num projecto de voluntariado internacional em São Tomé e Príncipe, através da organização onde sou voluntário, o GASNova. Foi uma experiência absolutamente transformadora e uma oportunidade para perceber melhor a realidade social daquele que é o país com maior número de ONG´s por metro quadrado, para além de perceber a importância do diálogo e da cooperação, que muitas vezes não existe, entre as muitas organizações presentes no país, que é fundamental para o desenvolvimento que se pretende. Implica referir que o nosso trabalho não foi feito de forma isolada, pelo contrário, tivemos como prioridade o contacto com organizações e instituições locais, que já operam no terreno há algum tempo e em virtude disso têm um maior conhecimento das reais necessidades da população, com quem convivem todos os dias.

É nessa perspectiva de cooperação que se atingem melhores resultados e um maior impacto. Relembro que o período de actuação no terreno da maior parte das organizações é muito pequeno (em média dois meses), assim é fundamental que os projectos que implementemos estejam em articulação com o trabalho e objectivo de outras organizações e associações locais.

Depois, temos a oportunidade de viver momentos que vão ficar para sempre guardados na minha memória, como as míticas viagens de Hiace, o meio de transporte mais utilizado onde “cabe sempre mais um”, com um pôr-do-sol de encantar e a ouvir música santomense ou um almoço de final do curso de férias que os alunos organizaram, em jeito de agradecimento, para nós!

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