Filipe Cortez, um artista português a explorar Nova Iorque

Artista plástico de 30 anos inaugurou uma exposição em Nova Iorque onde explora a história da zona portuária da cidade

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Cortez nasceu no Porto e licenciou-se em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto DR

O artista plástico português Filipe Cortez, de 30 anos, terá patente, no festival "Out To See", em Nova Iorque, um conjunto de peças que explora a história da zona portuária da cidade norte-americana. "A ideia foi fazer um arquivo desta parte da cidade, fazendo uma recolha de memórias e peles de vários edifícios aqui localizados. Nova Iorque está em constante mutação, e este bairro é dos poucos onde ainda podemos encontrar vários vestígios e edifícios dos séculos passados. Esta zona foi sem dúvida o ponto de partida para todo o projeto", disse o artista.

Com o título "Traces and Tides of the Seaport" ("Traços e Marés do Seaport"), a exposição — patente até domingo, dia 27 — reúne uma série de peça em que Filipe Cortez, através de um método de moldagem, recolhe parte de fachadas e pormenores dos edifícios da cidade. "Numa cidade em que os bairros são reconstruídos a toda a hora, desaparecendo tudo o que é história na arquitectura envolvente, o objectivo foi fazer esta recolha e arquivo de uma série de 'pele' dos edifícios mais antigos do South Seaport District", explica.

Cortez recebeu o convite para este trabalho no primeiro dia do ano, através da curadora Adele Eisenstein, que conheceu durante uma residência artística, Residency Unlimited, que fez no ano passado em Nova Iorque, durante seis meses. "O trabalho multidisciplinar de Cortez examina os temas da memória, tempo e decadência (...) Que melhor ambiente para ele do que este vibrante berço de Nova Iorque, com quatro séculos de história e camadas de estruturas arquitectónicas e células humanas", escreve a curadora na apresentação da exposição.

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Exposição está patente até domingo, dia 27 DR

Junto com a mostra, outros eventos vão debruçar-se sobre a história do local, como um passeio e "workshop" liderado pelo artista Matej Vakula. O português diz que o "projecto está a levantar bastante interesse ao South Seaport Museum, entidade responsável pela manutenção e protecção desta zona de Manhattan", e que isso pode representar novas oportunidades.

Cortez nasceu no Porto e licenciou-se em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, a mesma escola em que terminou um mestrado em pintura. Em 2011, recebeu a primeira bolsa de pintura do Rotary Club Portugal e, dois anos depois, venceu o 9.º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso.

Nos últimos anos, a exploração de vários meios artísticos, como desenho, pintura, escultura, instalação e "performance", tem-se tornado cada vez mais frequentes no seu trabalho. Durante esse tempo, deu uma palestra na School of Visual Arts aos alunos de mestrado de curadoria, esteve presente na feira de arte NEWD e inaugurou uma instalação na Ilha dos Governadores (Governors Island), em Nova Iorque.

Em Fevereiro do ano passado, arriscou numa residência artística em Nova Iorque, durante a qual teve oportunidade de se reunir pessoalmente com mais de 50 pessoas, desde curadores, críticos a galeristas, estando ainda a sair desta experiência alguns projectos. Cumpriu esta etapa, com "dinheiro poupado por mais de dois anos, sem qualquer tipo de apoio institucional ou privado, mesmo tendo enviado para cima de 40 cartas" com pedidos. "Sinto-me feliz com o investimento, e tem dado os seus frutos, sem dúvida alguma", garante.

Um dos resultados foi a sua primeira exposição individual nos Estados Unidos, na galeria Department of Signs and Symbols, em Nova Iorque, no ano passado. Com o titulo "Disenchantment", Cortez exibiu o trabalho efectuado durante a residência artística, em que criou uma série de "fósseis" de objectos abandonados, nas ruas de Nova Iorque. Regressou agora para mais uma temporada em Nova Iorque, que se inicia com esta participação no "Out to See", e contará com uma exposição individual, em Outubro, para a qual está a tentar trazer o Antigo Matadouro Industrial do Porto para Nova Iorque. Irá participar também numa exposição colectiva, entre o Outono e Inverno, na Escola de Justiça Criminal John Jay, com o tema "Politicizing Space", comissariada pela curadora Charlotta Kotik.

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