Tecnologia: startups portuguesas à conquista do mercado dos EUA

Programa de intercâmbio Austin-Portugal teve impacto directo de 60 milhões de dólares na economia portuguesa desde o ano de 2013

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Benjamin Child/Unsplash

Celfinet, WYgroup, Eyesee, Biopremier, Dognaedis, Veniam, Xhockware e Whale são oito empresas portugueses de base tecnológica à procura de uma porta aberta ou de alargar a sua presença no mercado dos EUA.

Todas elas têm em comum o facto de terem sido selecionadas no âmbito do programa de intercâmbio Austin-Portugal, para apresentarem os seus projectos de negócio mais recentes na capital do Estado norte-americano do Texas, com o objectivo de se globalizarem. Mas não só.

Há entre elas um fio condutor: a inovação. Seja na rede de comunicações, como a Celfinet, no aproveitamento das redes sociais para conquistar novos clientes, como a Clientscape, no comércio online, como a Xhockware, ou no controlo da qualidade agro-alimentar, como acontece com a Biopremier.

Naquilo que designam como uma semana de orientação de projectos, que teve lugar este mês, as “startups” portuguesas fizeram apresentações perante uma plateia composta por um conjunto de profissionais de empresas como a IBM, Dell ou Intel Capital, entre outros. O IC2, um instituto da Universidade do Texas com 40 anos de experiência na incubação de projectos, e a Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT) portuguesa são as duas metades de um programa de intercâmbio entre os dois países.

A intenção é simples e ambiciosa: facilitar e acelerar a comercialização de ciência e tecnologia de criação portuguesa no mercado dos Estados Unidos. Para André Gil, mobile manager da Digital Agency, a presença em Austin foi uma oportunidade única de recolher ideias e opiniões sobre o projecto que apresentaram, que serão importantes para o seu desenvolvimento. No fundo, a estratégia de crescimento da empresa, que já está presente nos EUA, Espanha e Brasil, poderá ser redesenhada em função dos comentários recebidos.

Cada uma daquelas empresas, quase todas elas “startups” de base tecnológica, teve a oportunidade de testar os seus projectos junto de profissionais do ecossistema empreendedor de Austin. “Fazem uma semana de orientação e são acompanhadas por uma equipa de desenvolvimento para auxiliar nas vendas, no licenciamento de tecnologia ou na aquisição de capital de risco. A partir desse momento: ensinamos as empresas a trabalharem o mercado dos EUA; não fazemos o trabalho delas, para lhes garantir sustentabilidade a longo prazo”, refere Marco Bravo, director de projectos do IC2.

"Boom town" do país

Os responsáveis do programa dedicado às “startups” nacionais afirmam que o mesmo teve, desde 2013, um impacto directo de 60 milhões de dólares na economia portuguesa, na sequência da aquisição de capital e de vendas em países como os EUA, Índia ou China.

O caso mais conhecido desse imapcto é o da Feedzai, uma empresa nascida em Coimbra de análise de informação, que recolheu 17 milhões de capital de risco. A Feedzai trabalha com as grandes empresas de banca de crédito americana e tem escritórios em São Francisco, Nova Iorque e Londres.

Austin, com uma taxa de 3,3 por cento de desemprego, é considerada por entidades como a Kauffman Foundation como uma das cidades norte-americanas mais aconselháveis para a criação de negócios, devido a uma carga tributária baixa e à presença de uma série de empresas de dimensão mundial como Facebook, Dell, Ebay/PayPal ou Samsung. Aquela fundação considera-a mesmo a melhor cidade dos EUA para lançar uma startup. Equanto, para a revista Forbes, Austin é a “boom town” do país.

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